Vida de Memphis em SP tem padaria, aula de português e casa nova

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Memphis Depay está à vontade em São Paulo. Em pouco mais de um mês vivendo na capital paulista, o atacante do Corinthians já foi flagrado comendo frango à passarinho em boteco, assistindo a um “rachão” na favela e até gravando em estúdio ao lado de MC Hariel.

“Memphis está se adaptando super bem. Ele flutua em todos os mundos, então se adapta muito rápido, é um cara sem frescura que vai da favela ao restaurante cinco estrelas do mesmo jeito, com a mesma roupa, a mesma personalidade. Claro, ainda falta a gente ter uma casa pelo conforto do lar. Por mais que esteja no mesmo hotel dele e o acompanhe em alguns compromissos, o hotel é muito ‘frio’, né?”, afirma Paula Cardoso, chef de cozinha particular de Memphis, à reportagem.

Paula é brasileira e trabalha com o jogador holandês há três anos. Ela é responsável por planejar as refeições fora do CT, mas passou a ter um papel mais parecido com o de uma “irmã mais velha” pela convivência.

“A gente fala que é família, pois convivemos 12h do nosso dia juntos, estamos todos juntos. Na verdade, para mim, ele é tipo um filho, mas como pela diferença de idade não teria jeito dele ser meu filho, porque ele é só 10 anos mais novo do que eu, falo que é meu irmão mais novo”, conta.

A chef passou as últimas semanas acompanhando Memphis em tours pela cidade e nas visitas a casas. Nesta semana, ele visitou uma mansão com o famoso Luiz Neto, corretor das celebridades na Imobiliária Neto Imóveis. No entanto, ainda não assinou contrato.

“Eu sabia que não teria uma cozinha para cozinhar no início, mas falei: ‘Cara, ele está indo para o meu país, como não vou chegar com ele?’. Ele tem feito aulas de português e, mesmo assim, às vezes vou ali fazer tradução de alguma coisa que ele precisa, dar apoio emocional, estar junto”, diz Paula.

COXINHA, EMPADÃO E PÃO NA CHAPA NA ‘PADOCA’

Nos poucos dias de folga que o atleta teve desde a mudança, Paula fez questão de introduzi-lo a alguns hábitos comuns da metrópole. O café da manhã na “padoca” —nome popular dado às padarias pelos paulistanos— foi um dos destaques.

“Levei ele em uma ‘padoca’, para ver como é. Falei: “Isso aqui é uma padoca, os paulistanos sempre comem na padaria. Sugeri para comer coxinha, empadão, e ele só provou, ok? (risos). Não deixei comer tudo, porque é fritura. Ele adorou. Depois voltou para comer pão na chapa com requeijão, e amou. Na próxima, quero levá-lo em um museu e mostrar o Mercadão para comer um sanduíche de mortadela”, diz.

MENU TEM ARROZ, FEIJÃO E CHURRASCO

Memphis praticamente não tem restrições alimentares e “come de tudo, menos carne de porco”, de acordo com a chef. Por causa disso, ela não tem dificuldades ao planejar o menu, que é constantemente acompanhado por uma nutricionista.

No momento, Paula trabalha com a Dra. Renata Martins, de Minas Gerais, mesmo estado no qual nasceu a chef particular. A médica atende outros nomes conhecidos do futebol. Dentre eles, os atacantes Hulk e Bernard, do Atlético-MG.

“Na rotina normal, passo na casa dele boa parte do meu dia, faço café da manhã, almoço, jantar, cuido da alimentação, nutrição, suplementação. Amo a gastronomia espanhola, arrozes, a gastronomia mediterrânea, que é muito saudável, com verdura, peixe. A única coisa que sinto falta e coloco na minha cozinha é alho, porque eles não têm esse refogado mineiro”, diz.

O jogador é fã de churrasco e do tradicional arroz com feijão. Inclusive, o apreço pela comida brasileira foi um dos fatores citados por Paula em sua propaganda do Brasil ao holandês.

“Falei bem do meu país, disse que ele poderia comer picanha sempre (risos), porque a carne é boa. Ele come uma ou duas vezes na semana carne vermelha. Ele ama frutas, e as frutas do Brasil não tem igual. Arroz, feijão, bife, vinagrete, fruta… Ele ama manga, melancia, abacaxi. Agora no Brasil está super fácil, porque conheço tudo, os ingredientes”, afirma a chef.

COMIDA DO CT É DE ‘PRIMEIRO MUNDO’

Um dos principais elogios de Paula Cardoso ao Corinthians é a comida. Ela, que tem especialização em cozinha para esportistas e atletas de alto rendimento, garante que a alimentação fornecida no CT Joaquim Grava é superior ao de clubes da Europa.

“Conheci as instalações do CT, que é maravilhoso, conheci o nutricionista, e a comida é maravilhosa. É self-service, né? Tudo bem saudável, de primeiro mundo, tem muitas opções, nunca vi isso em lugar nenhum. Eu já comi lá várias vezes, porque falo que vou lá para acompanhar, mas vou é para a ‘filar boia’ (risos). Ele treina e almoça lá; depois, peço para o chef do hotel fazer o jantar. Aí mando a quantidade, os ingredientes, porque não me permitem entrar na cozinha para cozinhar.”

CHEF É INDICAÇÃO DE DANIEL ALVES E COUTINHO

Paula Cardoso chegou à casa de Memphis por indicação de amigos do jogador, o lateral-direito Daniel Alves —em liberdade provisória enquanto aguarda o recurso de seu julgamento por acusação de estupro em Barcelona- e do meia Philippe Coutinho, do Vasco.

“Estou fora do Brasil há nove anos, tempo em que trabalho com jogadores de futebol. Ele é meu terceiro. Trabalhei com o Daniel Alves, há cinco anos, e com o Philippe Coutinho. Trabalhei menos de um ano com o Coutinho, porque ele foi para a Inglaterra. Até fui, mas não aguentei e voltei para Barcelona”, diz.

Quando Paula conheceu Memphis, os três jogavam no Barcelona. Após o retorno de Birmingham, cidade inglesa onde fica Aston Villa, antigo clube de Coutinho, uma agência a contatou para fazer um teste.

“Não sabia que era ele, mas a mulher da agência disse que ele queria me testar, porque tinha visto meu currículo e sabia que tinha trabalhado para Dani e Coutinho. Daniel falou muito bem de mim, e fiz o teste. Ele gostou muito da minha comida e falou: ‘quero ela fixa’. Aí comecei a trabalhar na casa dele, com café da manhã e jantar”, conta.

A decisão de se mudar com o atacante do Timão para o Brasil só tornou tudo ainda mais familiar. Aliás, o convite surgiu pouco tempo depois das férias do verão europeu.

“Quando ele foi para a Eurocopa, voltei para Barcelona e tirei férias, viajei. Voltei e viajei nas férias dele, nem falamos de futebol, foi uma semana. Disse que iria para onde ele fosse, porque temos uma relação meio de família, meu trabalho é muito de confiança, pois estou dentro da casa da pessoa.”

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