SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As redes sociais da companhia aérea Latam, que possui um acordo para venda de passagens da Voepass -cujo avião indo de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP) caiu no interior paulista nesta sexta (9), matando 62 pessoas-, recebem uma série de mensagens de usuários revoltados.
Eles pedem pelo fim da política, o cancelamento de viagens marcadas e a responsabilização pelo acidente. A última exigência, porém, não é cabível pela legislação.
O trato entre as empresas é chamado “codeshare”. Ele visa ampliar a malha de voos e conexões, oferecendo trechos alcançados apenas pela parceira.
A Latam, assim, comercializa a seus clientes voos domésticos de curta distância operados pela Voepass. Esta, por sua vez, tem um catálogo de voos nacionais mais longos operados pela Latam. Ambas as companhias recebem compensação financeira por isso.
“No ‘codeshare’, o que se vende é um assento, mas não se tem um controle da operação. Portanto, a responsabilidade de qualquer eventualidade é da empresa que contratou o piloto”, explica Roberta Andreoli, presidente da comissão de direito aeronáutico da OAB-SP.
Procurada, a Latam afirma que acordos comerciais como o mantido pela empresa com a Voepass são frequentes na aviação.
“Nestes casos, o operador responsável e o modelo de aeronave prevista para aquele voo são devidamente informados ao passageiro antes mesmo da sua decisão pela compra”, esclarece a companhia, maior do país no setor, junto à Gol.
O ACIDENTE
O voo 2283 da Voepass caiu nesta sexta (9), durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.
A queda matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. Inicialmente, foi divulgado que 61 pessoas estavam no avião. Mas, neste sábado (10), a Voepass afirmou que o nome de um passageiro, Constantino Thé Maia, não constava da lista de embarcados.
A aeronave, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.
Segundo a Força Aérea Brasileira, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela Folha levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando ser cedo para determinar as causas. A caixa-preta do avião foi recuperada.