SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) anunciou o retorno das atividades em seu campus Maracanã, na zona norte carioca, para esta terça-feira (24). O local estava ocupado por alunos desde julho e foi esvaziado pela Polícia Militar na sexta-feira (20).
Segundo a reitoria, perícia realizada no local identificou diversos danos estruturais, como quebra de paredes, portas, pias e mobiliários.
Além disso, a instituição identificou que computadores foram abertos e tiveram seus discos rígidos retirados. As peças continham informações pessoais sensíveis e dados de pesquisa. A universidade abriu sindicância para apurar as responsabilidades.
Estudantes da Uerj ocuparam em 26 de julho o campus Maracanã em protesto contra cortes e mudanças nos programas de auxílio permanência da instituição a partir deste semestre.
Na última sexta (20), manifestantes e a PM entraram em confronto no campus. Houve denúncias de agressões e prisões arbitrárias.
A confusão começou na véspera, quando dezenas de seguranças da instituição estiveram na unidade Maracanã, na zona norte carioca, para cumprir uma ordem judicial de desocupação do espaço.
Confrontos foram registrados em poucas horas. Os manifestantes colocaram fogo em pneus para impedir a passagem das tropas numa das vias próximas à Uerj. Em resposta, policiais jogaram bombas de efeito moral, entraram na universidade e retiraram os presentes à força.
Ao menos cinco prisões foram realizadas. Foi o caso do deputado federal Glauber Braga (PSOL), que estava no local para tentar mediação entre os manifestantes e o poder público, mas acabou colocado em um camburão e conduzido a uma delegacia. Ele foi liberado no dia seguinte.
Estudantes protestam contra corte de auxílios
Os estudantes acampados protestavam contra mudanças nas regras para concessão de bolsas e auxílios.
Havia uma bolsa-material de R$ 600 reais semestrais, para financiar livros e impressões, agora reduzida à metade. Um auxílio-alimentação de R$ 300 foi extinto para alunos dos campi com restaurante popular. E uma bolsa permanência de R$ 706, antes elegível a alunos com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, hoje vale apenas para os que vivem com até meio salário.
Com as reformas, estima-se que 1.400 alunos percam amparo da universidade.
A Uerj justifica a ação afirmando enfrentar “dificuldade de obter os recursos necessários” ao funcionamento dos programas.