Tomorrowland traz set diversificado e DJs badalados em nova edição no Brasil

ITU, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro dia de Tomorrowland, nesta sexta-feira (12), mostrou que o festival se preparou para receber o público mesmo sob condições climáticas adversas. Não era novidade a previsão de chuvas fortes na região do parque Maeda, onde o evento, em Itu, a cerca de cem quilômetros da capital paulista. Foi totalmente possível não se afundar na lama —mas quem quisesse conseguia, também.

A pista em frente a cada palco estava coberta de tablados de plástico como os usados nos shows em estádios para cobrir o gramado, assim como boa parte do caminho a ser percorrido entre cada um, onde não havia asfalto.

Agora, quem está na chuva é para se molhar, não é? Não teve mesmo jeito, já que apenas o palco Freedom dispõe de uma enorme tenda, onde ficam público e DJ.

Até o começo da noite, era fácil transitar entre as pistas e até conseguir espaço na grade do palco principal. Quem chegou cedo pôde ver de perto, por exemplo, alguns dos brasileiros que foram destaque do primeiro dia, como o duo dos gêmeos que formam o Dubdogz e a gaúcha DJ Carola.

Carola, que foi a primeira DJ negra a tocar no palco do Tomorrowland na Bélgica em 2022, comandava a principal pista do evento, aos 30 anos de idade e com mais de uma década de estrada.

Logo em seguida, o irlandês Cormac, uma das estrelas das pistas de dança europeias, subiu ao palco Core, o que ficava mais distante do principal.

Conhecido por ter tocado em clubes que marcaram época em Londres e por longuíssimos sets no Panorama Bar, um dos espaços mais referenciados da música eletrônica do mundo, em Berlim, ele entregava um mix animado entre house e techno quando a chuva forte chegou, tomando o lugar de um tempo abafado e quente.

A pista esvaziou enquanto a chuva não diminuía, ainda que um ou outro raver mais animado aparecesse para dançar sozinho sob a água.

Em seguida, no palco Tuilp, Nils Hoffman, de 27 anos, desfilava à vontade suas tracks, como “Breathing”, que soma milhões de reproduções nas plataformas de streaming. Em frente ao palco, uma turma de amigos de Belo Horizonte curtia a pista quando um deles, o aspirante a DJ Matheus Machado, resumiu a emição: “Essa é tipo um hino para nós”.

Já no palco Freedom, o alemão Moritz Hofbauer pôs uma pista lotadíssima para dançar. O talento musical do DJ e produtor vem sobretudo de seu background de músico de orquestra, que refina suas pesquisas em torno do techno melody e outras vertentes eletrônicas.

A pista do Freedom sob seu comando era, de longe, a mais animada fora da arena principal. Talvez por causa de sua estrutura em uma enorme tenda fechada, que proporcionava a imersão em um ambiente escuro, com caprichado jogo de luzes e enormes borboletas decorativas.

Antes de voltar ao palco principal para ver DJ Anna, uma das brasileiras estrelas da festa, a apresentação da inglesa Eliza Rose no palco Core era imperdível.A artista deu destaque ao seu lado house music, com excelentes seleções e uma pista equilibrada.

Um dos momentos de destaque de seu set foi a inclusão dos saxofones de “So Good”, de Blackchild, e do funk “Putaria que Tu Quer, Putaria Tu Vai Ter”. Seu público merecia ter sido maior, inclusive por ela ter emplacado mundialmente a faixa “B.O.T.A. (Baddest of Them All)”, no ano passado.

Quando DJ Anna começou a sua apresentação, até na descida pela lama para a concentração da pista era difícil encontrar um espaço. A DJ paulista havia declarado que o set incluiria sua recente produção de ambient music mesclado ao techno. O que se viu, porém, foi algo bem sutil de ambient, que levou o público ao delírio.

De volta ao palco Core, não se arrependeu quem foi ver mais uma vez Bonobo se apresentar em solo brasileiro. O inglês, que havia tocado na noite anterior no listening bar Matiz, no centro de São Paulo, não decepciona com sua pesquisa que sai do óbvio para qualquer ouvido.

Foi o contrário, por exemplo, de Mandy, DJ belga que esteve no lineup do Tomorrowland em seu país natal este ano e que fechou o palco Youphoria com viradas manjadas e apelo à apoteose.

Essa diversidade, porém, é parte da concepção do Tomorrowland, que acaba atraindo os mais variados tipos de fãs da música eletrônica. Assim, cada um podia escolher o encerramento que mais lhe agradasse para o primeiro dia de festival, que não economizou nos fogos ao fechar o palco principal com o holandês Hardwell, que tocou “Parado no Bailão”, hit do funk mineiro.

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