SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Lançada nesta semana, a temporada de óperas 2025 do Theatro Municipal de São Paulo terá seis espetáculos diferentes, sendo um deles uma dobradinha com dois títulos. Haverá uma obra barroca (de Rameau), uma clássica (de Mozart), três românticas (Verdi, Carlos Gomes e Puccini) e duas compostas no século 20 (Richard Strauss e Gershwin).
Cada espetáculo operístico será repetido sete vezes ao longo de nove dias, com dois elencos em alternância nos papéis vocais principais.
Dentro da quantidade proposta sabemos que a cidade de São Paulo teria demanda para uma temporada mais robusta, há variedade estilística. Como de hábito, a direção do teatro procura amarrar a programação a partir dos temas abordados pelos libretistas (os autores dos textos sobre os quais compositores se debruçam para criar suas obras musicais-teatrais). A divulgação da temporada do ano que vem menciona sua inspiração no pensamento do escritor martinicano Édouard Glissant (1928-2011).
Considerando que a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) anunciou sua temporada há duas semanas, e apesar de haver ainda muitas lacunas na informação do Theatro Municipal (sobretudo sobre os elencos), é possível já começar a antecipar o que os principais palcos clássicos da cidade oferecerão no próximo ano.
A primeira ópera de 2025 será uma retomada. Em 15 de fevereiro reestreia “O Guarani”, com direção cênica de Cibele Forjaz, remontagem da polêmica produção de 2023, cuja concepção foi assinada por Ailton Krenak agora não mencionado na ficha técnica. Na primeira récita a soprano argentina Laura Pisani será Ceci, uma ótima escolha, mas não há ainda informação sobre quem fará o papel de Peri no elenco do segundo dia a personagem estará a cargo do tenor Enrique Bravo. Lício Bruno interpretará Cacique em todas as récitas.
Em 2 de maio estreia “Don Giovanni”, de Mozart, com direção cênica de Hugo Possolo. Não há a informação sobre quem fará o papel título, mas na récita de abertura Camila Provenzale será Donna Anna e o personagem Don Ottavio será interpretado por Anibal Mancini. O sucesso da montagem dependerá fortemente ainda mais nesse caso da cuidadosa escolha do elenco.
Uma dobradinha com direção cênica de André Heller-Lopes a partir de 19 de julho trará “Le Villi” (As Fadas), a primeira ópera de Puccini, que estreou em 1884, juntamente com “Friedenstag” (Dia de Paz), obra da última fase de Richard Strauss, que estreou em 1938. Rodrigo Esteves, Gabriella Pace, Leonardo Neiva, Eiko Senda e Eric Herrero estarão nos elencos. Tanto pela concepção como pelo elenco, o espetáculo parece bastante promissor e instigante.
Nos últimos anos a direção do Municipal tem se notabilizado por trazer títulos contemporâneos sejam encomendas ou não ou que dialoguem com a música popular (tal como Piazzolla), e a escolha de “Porgy and Bess”, de Gershwin, que estreia em 19 de setembro com direção cênica de Grace Passô e elenco composto por artistas negros, é uma opção forte e bem-vinda. O primeiro dia terá Luiz-Ottavio Faria interpretando Porgy e Latonia Moore como Bess; logo no primeiro ato, caberá a Marly Montoni cantar, no papel de Clara, a célebre ária-canção “Summertime”.
Apresentada pela última vez no Municipal em 2012, com antológica direção de Bob Wilson, “Macbeth”, de Verdi, volta ao palco do teatro a partir de 31 de outubro com direção de Elisa Ohtake. Na récita de abertura teremos o baixo-barítono norte-americano Craig Colclough como Macbeth um especialista no papel, além de Savio Sperandio como Banquo e Giovanni Tristacci como Macduff, mas a cantora que interpretará o importante papel de Lady Macbeth não aparece ainda na escalação.
Finalmente, em 28 de novembro chega ao palco a ópera-balé “Les Indes Galantes”, de Jean-Philippe Rameau, cuja estreia ocorreu em 1735. A montagem paulistana integrará as celebrações do Ano França-Brasil e terá direção cênica e coreografia de Bintou Dembélé, pioneira da dança hip-hop na França.
Para além das óperas, foram anunciados os concertos sinfônicos da Orquestra Sinfônica Municipal e da Orquestra Experimental de Repertório, assim como a programação do Quarteto de Cordas da Cidade, do Balé da Cidade e do Coral Paulistano, que faz sua estreia no caderno de assinaturas.
Lideradas respectivamente por Roberto Minczuk e Wagner Polistchuk, as orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório pensarão os temas da guerra e da paz em diversos programas, os quais trarão obras como a “Sinfonia Leningrado” de Shostakovich (29 de março), “Um Sobrevivente de Varsóvia” de Schoenberg (4 de abril), “War Requiem” de Britten (6 de junho), e “Missa” de Leonard Bernstein (19 de dezembro).
Com direção de Maíra Ferreira, o Coral Paulistano abordará desde cantos franceses até uma homenagem à banda Secos e Molhados. Celebrando 90 anos de história, o Quarteto da Cidade terá uma programação na Sala do Conservatório que incluirá a estreia de uma nova obra encomendada à compositora Marisa Rezende (9 de outubro) e, no final da temporada (em 13 de novembro), o impressionante “Réquiem sem Palavras” de Almeida Prado.
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Óperas:
– Fevereiro: “O Guarani” de Carlos Gomes (direção cênica de Cibele Forjaz);
– Maio: “Don Giovanni”, de Mozart (direção de Hugo Possolo);
– Julho: “Le Villi” de Puccini, juntamente com “Friedenstag” de Richard Strauss (direção cênica de André Heller-Lopes);
– Setembro: “Porgy and Bess”, de Gershwin (direção cênica de Grace Passô);
– Outubro/Novembro: “Macbeth”, de Verdi (direção cênica de Elisa Ohtake);
– Novembro: “Les Indes Galantes”, de Rameau (direção cênica e coreografia de Bintou Dembélé);