Soldado aponta violação da Rússia aos direitos humanos na Guerra da Ucrânia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade se chama Donetsk, tem 900 mil habitantes e está localizada no leste da Ucrânia. A maior parte da região está sob o controle da Rússia desde 2014 e é um dos mais ativos campos de batalha do conflito iniciado em fevereiro de 2022.

E foi também um dos locais visitados pela jornalista inglesa Zanny Minton Beddoes, diretora de redação da revista The Economist e que publicou um recente retrato minucioso da confusa situação em que civis e militares ucranianos convivem com a guerra contra um inimigo maior e mais poderoso.

Deu para saber, por exemplo, que Vlad é um capitão que antes do conflito era fotógrafo de casamentos. Ele comanda 42 militares bem próximos à linha de combate contra os russos. Vlad diz que os feridos de sua equipe são tratados no local em que se machucam porque a Rússia não respeita a Convenção de Genebra, que proíbe atirar em ambulâncias ou veículos que tenham estampada uma cruz vermelha.

A artilharia dos dois lados é dominada pelos drones. A região é uma planície a perder de vista com a monotonia da paisagem só quebrada pelas montanhas de entulho retirado desde o século 19 de dentro das minas de carvão.

Não muito longe dali Zanny Monton Beddoes encontrou dois soldados insatisfeitos e dispostos a falar mal da Ucrânia pela qual lutavam. Afirmaram ser desprezados por seus superiores, que os enviavam em missão mal-armados e sem munições. Disseram ainda que foram encarregados de tomar conta de um equipamento caro, embora não tivessem armas adequadas para se protegerem.

Não é esse, no entanto, o padrão. Há os veteranos que herdaram na Ucrânia as habilidades do antigo soldado soviético. Ou os inexperientes que são beneficiados pela doação de moderno material bélico, que parte de doadores ricos que atuam em conjunto com um setor industrial de armas de formação recente.

Um dos especialistas disse à jornalista da revista que, com os combates em curso, a Ucrânia tem hoje o mais competente Exército europeu. E que esse lado positivo não é desconhecido das avaliações feitas pela Otan -a aliança militar ocidental- à qual o país deseja entrar como forma de se proteger das agressões de Moscou.

Ivan Buriak, um soldado de 33 anos, é um dos militares que preenche a imagem de competência do atual Exército ucraniano. Ele se especializou na pilotagem de drones e se tornou um comandante de nível intermediário entre os operadores de naves não tripuladas. Os drones são hoje um dos tópicos da tecnologia de ponta da Guerra da Ucrânia. A Economist nada diz sobre os mísseis hipersônicos que a Rússia tem em seus arsenais.

Um dos especialistas consultados temperou a ideia de que os ucranianos seriam os únicos a estarem cansados dessa guerra e correrem o risco de serem derrotados por pura exaustão. A verdade é que o mesmo cansaço também atinge os russos, que em termos comparativos enfrentam ainda o desgaste político do presidente Vladimir Putin.

Por fim, Zanny Minton Beddoes discorre sobre os efeitos no conflito das eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos. Ela diz ter conversado sobre o assunto com Mike Pompeo, secretário de Estado no governo de Donald Trump. Segundo ele, se o republicano vencer, será um desastre para a Ucrânia.

PODCAST – THE WEEKEND INTELLIGENCE: CRUNCH TIME FOR UKRAINE

Autoria The Economist

Link https://www.economist.com/podcasts/2024/09/28/crunch-time-for-ukraine

Duração 52 minutos

Onde Disponível no Spotify

Compartilhe: