GUSTAVO FIORATTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O maestro John Neschling foi afastado nesta segunda (5) do cargo de diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo, sala administrada pela prefeitura.
A demissão foi comunicada pelo maestro e pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social que responde pelas contas do teatro. Ainda não foi divulgado o motivo da decisão.
O maestro é investigado no Ministério Público e também é alvo de uma CPI na Câmara dos Vereadores desde que foi citado nas delações de José Luiz Herência, ex-diretor geral do teatro, e de William Nacked, diretor afastado do IBGC. Ambos são investigados por participação em esquema que causou rombo de R$ 15 milhões nas contas do teatro.
As suspeitas que eles apontam sobre Neschling, porém, são de outra natureza. Os delatores dizem que houve conflito de interesses nas contratações comandadas por Neschling, e entre elas está a de um agente internacional que o representa no exterior, o argentino Valentin Proczynski.
ENTENDA O CASO
NOV.2015
José Luiz Herencia, então diretor-geral da Fundação Theatro Municipal, pede exoneração do cargo. Em dezembro, após apreensões em seus imóveis, passa a responder inquérito no Ministério Público. A Controladoria Geral do Município identifica rombo milionário nas contas do Theatro, relacionadas a esquema de superfaturamento de óperas
FEV.2016
Herencia tem bens bloqueados na Justiça. A Promotoria faz nova apreensão no Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, organização social responsável pelas contas do teatro. William Nacked, seu diretor, é afastado do cargo e Paulo Dallari assume a administração geral do Municipal como interventor
MAR.2016
Com acordo de delação premiada, Herencia envolve outros agentes do Theatro na investigação. Aponta conflitos de interesse em contratações que envolvem um agente internacional de John Neschling, diretor artístico
JUN.2016
Câmara abre CPI do Theatro Municipal. No mês seguinte, Carlus Padrissa, diretor do grupo Fura Dels Baus, atesta no Ministério Público que o agente de Neschling no exterior, Valentin Proczynski, cobrou valor maior do teatro do que aquele que deveria ser pago ao grupo. Relatório da Controladoria aponta que rombo nas contas do teatro são de R$ 15 milhões
AGO.2016
Justiça autoriza a quebra de sigilo dos e-mails do maestro John Neschling, pedida pelo Ministério Público do Estado. A comissão da Câmara dos Vereadores faria o mesmo pedido à Justiça, porém este foi cancelado antes da votação pelo relator da CPI, o vereador petista Alfredinho
A CPI sinaliza requerer à Justiça a condução coercitiva de Neschling a uma próxima sessão. Também houve a decisão de requerer à Polícia Federal o passaporte do maestro e a suspensão de pagamentos a ele pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural