MOGI GUAÇU, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os fãs de veículos 4×4 que pretendem se aventurar em competições de rali têm de ter carros adaptados para competição, mas que já podem ser adquiridos preparados para esse fim.
Todos os modelos que participam da MIT Cup (maior rali monomarca cross country da América Latina) são feitos na fábrica da HPE Automotores (representante da Mitsubishi Motors do Brasil) em Catalão-GO e já saem da linha de montagem prontos para os ralis competitivos. Em 2022, 20% dos carros vendidos pela fábrica foram customizados para o rali. Além de coragem, tempo e conhecimento, é preciso investir para se aventurar nesse mundo.
O Eclipse Cross R 2024, atualmente o único modelo da marca 0 km à disposição do cliente aventureiro, sai por R$ 480 mil. Quem compra ganha até 42 mil em bônus de peças para competir, o que significa R$ 3 mil para as 14 provas das 7 etapas.
O custo para cada piloto participar é de R$ 2 mil por prova, o que banca toda a questão estrutural dos eventos, organização, estrutura, montagem, confraternização. O custo das peças, manutenção, gasolina e tudo envolvendo o carro fica, claro, para o cliente-competidor.
O mesmo carro, Eclipse Cross R, versão de rua, varia de R$ 169 mil a R$ 230 mil. A diferença grande de valor é pelo maior número de mudanças e alterações e opcionais de competição em relação à versão básica.
Mas, para os aficionados pelas competições de velocidade do mundo 4×4, há outras opções um pouco menos custosas e outras mais caras, todas também próprias para os amantes de rali:
– Triton ER – 2012 – R$ 120 mil
– Outlander Sport R – R$ 130 mil
– Triton Sport R – 2019 a 2023 – de R$ 180 mil a R$ 300 mil
– Triton Sport RS – de R$ 350 mil a R$ 650 mil
Para esses modelos, muitos já fora de linha, não há uma tabela exata em relação à diferença para a versão de rua, variando muito pelo estado de conservação e pela lei de oferta e procura, mas os valores de rua ficam bem mais próximos à versão de rali em comparação ao Eclipse Cross R.
André Bresser, gerente de engenharia da Spinelli Racing, explicou, de forma bem didática, as principais diferenças entre o carro de rua para o preparado para rali cross country de competição.
“O que basicamente todos os modelos adaptados para competição recebem são equipamentos para aumentar a segurança: gaiola de segurança, bancos de competição, extintor de competição que pode ser acionado de vários pontos, volante de competição, cintos de competição, chave-geral, que é para desligar por completo o carro, todas mudanças que são homologadas pela Confederação Brasileira de Automobilismo”, detalhou Bresser.
Além da prioritária questão da segurança, também são feitas alterações para dar velocidade. “Carroceria, porta, capô, para-choque, originalmente de lata, são mudados por fibra de vidro. Os pneus e rodas são especiais de competição. Tudo que é forração interna, conforto, é tirado para tirar o peso e aumentar a velocidade dos carros”, continuou Bresser, que, no entanto, esclareceu que a ideia é manter a maior parte do modelo original
A parte de suspensão, chassi, motor e câmbio, toda parte de transmissão, é original. Em alguns casos, como no modelo Eclipse Cross, também recebe um câmbio sequencial de competição. “A ideia é manter o mais original possível, e todos os veículos que participam da MIT Cup já vêm adaptados prontos para correr”, finalizou Bresser.
Bruno Leonardo Silva Cândido, piloto da equipe Off Racing Motorsport, explicou as alterações feitas no seu Mitsubishi Triton ER. “A manutenção é minuciosa. É complexo, tem que ficar em cima. O carro tem ‘sentimento’, às vezes deixa o piloto na mão”, brincou Bruno, que disputa a categoria de Triton ER (Etanol Racing) ao lado da navegadora Ana Chamelete. “Alguns carros não fabricam mais, e você precisa ter conhecimento para comprar de outros competidores e prepar direitinho para o melhor desempenho”, completou Aninha.
A pedido da reportagem do UOL, Bruno, para além do sentimento, traduziu de forma menos técnica as diferenças dos veículos competitivos para os normais.
“Como os carros de rali, geralmente, são derivados de carros de produção, possuem placa e podem rodar na rua. Eles apresentam uma gaiola interna de proteção dos ocupantes, apresentam suspensão com regulagem preparada para aguentar cada tipo de terreno, a transmissão pode ser semelhante à original, os pneus são especiais com lateral reforçada para evitar cortes em pedras. Todo carro de rali tem luzes superiores de freio e lanterna para sinalizar na poeira, os bancos são especiais com cintos de 6 pontos de fixações, sistema de extintor de incêndio acionado pelo painel em caso de colisão com fogo e algumas peças da lataria são em fibra de carbono ou de vidro para diminuir o peso.”