O acesso à água potável é um dos maiores desafios enfrentados por comunidades tradicionais da Amazônia. No entanto, graças ao projeto “Sanear Amazônia”, mais de 5 mil famílias em comunidades extrativistas e de baixa renda estão experimentando mudanças significativas em suas condições de vida. Desde 2014, o programa tem promovido a implementação de tecnologias sociais inovadoras, que garantem o abastecimento de água potável e saneamento básico, essenciais para a saúde e o bem-estar dessas populações, muitas vezes afetadas pela escassez hídrica.
Coordenado pelo Memorial Chico Mendes (MCM), o programa é uma parceria com diversas organizações como a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), o Instituto Vitória Régia, o Instituto Desenvolver e a Associação de Mulheres do Baixo Cajari (AMBAC). Financiado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o projeto tem como foco a melhoria da qualidade de vida nas zonas rurais do Amazonas, com destaque para as áreas afetadas pela seca ou pela falta de fornecimento regular de água.
Modelos de Sistemas Sustentáveis
O “Sanear Amazônia” oferece dois modelos de sistemas de abastecimento, adequados às necessidades das comunidades. O Sistema Familiar Autônomo é voltado para famílias que recebem um reservatório de água elevado com capacidade de mil litros, além de um reservatório adicional de 5 mil litros. A água é captada do telhado e passa por um filtro que descarta a primeira água da chuva, garantindo a qualidade do abastecimento. Com esse modelo, as famílias têm acesso a água potável em pontos essenciais, como banheiro e pia de cozinha.
Já o Sistema Comunitário é ideal para áreas que utilizam fontes adicionais de água, como rios e poços artesianos. Este sistema inclui um reservatório comunitário com capacidade de 15 mil litros, além de reservatórios individuais para as famílias. A água captada é distribuída para as residências, beneficiando diretamente os moradores com pontos de uso em banheiros e cozinhas.
Willians Santos, engenheiro civil e coordenador do projeto, destaca a relevância dessas iniciativas: “O programa não só aumenta a capacidade de armazenamento de água, mas também educa as comunidades sobre a importância da gestão eficiente da água. As capacitações formativas promovem a conscientização sobre o uso responsável e sustentável desse recurso essencial.”
Impacto na Vida das Comunidades
Em outubro do ano passado, o projeto implementou 25 tecnologias sociais nas comunidades São Raimundo e Igarapé Grande, localizadas no município de Manicoré, a 390 quilômetros de Manaus. Essas comunidades enfrentavam sérias dificuldades para acessar água potável. Suely de Oliveira Trindade, moradora de Igarapé Grande, relata: “Íamos buscar água no rio à noite, era perigoso. Às vezes, a água na caixa não passava de um fio. Era difícil viver assim, sem água para tomar banho ou beber.”
Sônia Santos, moradora da comunidade São Raimundo, também comemora a melhoria na qualidade de vida trazida pela tecnologia: “Agora, temos água potável em casa, o que melhora muito a nossa saúde e o nosso bem-estar.”
Expansão e Ações Educativas
Além das ações de infraestrutura, o projeto “Sanear Amazônia” também tem investido em ações educativas, promovendo a conscientização sobre higiene, manejo de resíduos e a importância do saneamento. Em janeiro deste ano, 166 novas tecnologias sociais foram implementadas na Reserva Extrativista Auati-Paraná, em Fonte Boa, município a 602 km de Manaus. O projeto beneficia comunidades como São Raimundo, Monte das Oliveiras e Barreirinha de Cima, entre outras.
A capacitação das comunidades vai além da instalação das tecnologias. São realizados treinamentos sobre o uso adequado da água e o manejo adequado de resíduos, essencial para garantir a sustentabilidade do projeto. “A educação é a chave para transformar a realidade dessas populações. O acesso à água potável é apenas o começo. O importante é que as comunidades se tornem protagonistas da gestão desses recursos, garantindo sua manutenção a longo prazo”, afirma Santos.
O futuro da água potável na Amazônia
A proposta do “Sanear Amazônia” é não apenas garantir o acesso à água potável, mas também promover uma mudança no comportamento das famílias atendidas, incentivando a adoção de práticas sustentáveis de gestão da água. Esse modelo de solução, que utiliza tecnologias simples, mas eficazes, está se espalhando por diversas regiões da Amazônia, gerando um impacto direto na vida de milhares de famílias.
Para mais informações sobre o projeto ou para apoiar essa iniciativa, visite o site oficial do Memorial Chico Mendes e acompanhe as últimas atualizações sobre os avanços das tecnologias sociais implementadas nas comunidades amazônicas.