SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, disse nesta terça-feira (19) que o documento final do G20, aprovado na segunda pelos países-membros do bloco durante cúpula no Rio de Janeiro, não foi claro a respeito das responsabilidades pelos conflitos no Oriente Médio e no Leste Europeu.
“Não é o bastante quando o G20 não consegue encontrar palavras para dizer que a Rússia é a responsável [pela Guerra da Ucrânia]”, disse Scholz, que também lamentou o fato de o texto acordado não mencionar o direito de Israel de se defender e a responsabilidade do grupo terrorista Hamas pela escalada na região.
“Está claro que tensões geopolíticas estão tendo um impacto no G20. O vento que passa pelas relações internacionais está ficando mais forte”, afirmou o premiê. O maior peso dado à guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza foi uma vitória dos países emergentes.
O texto aprovado este ano, durante a presidência do Brasil, destaca o imenso sofrimento humano e fala em uma situação catastrófica em Gaza, pedindo o envio de mais ajuda humanitária para o território palestino. Israel, contudo, não é mencionado.
“Afirmando o direito palestino da autodeterminação, reiteramos nosso compromisso inabalável com uma solução de dois Estados em que Israel e um Estado palestino convivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com a lei internacional e resoluções relevantes da ONU”, diz o documento. O texto ainda apoia uma cessar-fogo abrangente em Gaza e no Líbano.
Em reunião com o líder chinês, Xi Jinping, Scholz também disse que o envio de soldados da Coreia do Norte ao front na Ucrânia representa uma “nova escalada” no conflito, que completou mil dias nesta terça.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que não foi convidado para a cúpula no Rio, acusou os líderes do G20 de não reagirem ao decreto assinado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que amplia os motivos para recorrer ao uso de armas nucleares.
“Hoje, os países do G20 estão reunidos no Brasil. Eles disseram alguma coisa? Nada”, lamentou Zelenski. O ucraniano também denunciou a ausência de uma “estratégia forte” por parte dos países sobre a guerra em seu território. Na sua fala de abertura na segunda, Scholz também havia lamentado a ausência da Ucrânia na cúpula.