Policiais ligados a bicheiro Rogério de Andrade são alvo de operação no Rio

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério Público do Rio de Janeiro e a Corregedoria da Polícia Civil fazem operação na manhã desta quinta-feira (28) para cumprir mandados de busca e apreensão contra três policiais civis e um agente penitenciário. Eles são investigados, segundo a Promotoria, por suspeita de integrar uma organização criminosa chefiada pelo bicheiro Rogério de Andrade.

Os investigadores apuram se há envolvimento dos policiais civis e penal com a máfia dos caça-níqueis, na zona oeste, esquema chefiado por Andrade.

Os mandados foram requeridos pela Promotoria ao Juízo 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa da Capital e são cumpridos em Bangu, Realengo Taquara e Vargem Pequena, em endereços ligados aos investigados. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

O advogado de Rogério de Andrade foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

A Promotoria afirmou que duas armas e munições que estariam em situação irregular foram apreendidas, mas não divulgou em quais circunstâncias ocorreu a apreensão.

As investigações começaram a partir do conteúdo de um celular apreendido na segunda fase da operação Quarto Elemento, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público, em 2018.

De acordo com o inquérito em andamento, os três policiais civis e o agente penitenciário também integram um grupo responsável por negociar a liberação de presos em flagrante mediante pagamentos ilícitos, na 34ª DP (Bangu).

Rogério de Andrade foi preso no fim de outubro e transferido para o presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Ele é apontado como o mandante da morte do também contraventor Fernando Iggnácio, em novembro de 2020.

O advogado Raphael Mattos, que representa o contraventor, chegou a entrar com dois pedidos de habeas corpus. O primeiro pedia a revogação da prisão preventiva de Rogério. Já o segundo solicitava a suspensão dos efeitos da decisão que determinou a inclusão do bicheiro no Regime Disciplinar Diferenciado.

Os dois pedidos foram negados pela desembargadora Elizabete Alves de Aguiar, da 8ª Câmara Criminal do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio.

Na decisão judicial que determinou a prisão de Rogério Andrade, consta que o contraventor é chefe de um grupo criminoso, que tem contatos com órgãos de segurança estaduais.

“Está delineado que o denunciado Rogério exerceria o papel de líder de um grupo criminoso envolvido em crimes como homicídio, corrupção, contravenção e lavagem de dinheiro, além de possuir contatos em órgãos de segurança estaduais. Portanto, a transferência para um presídio federal com Regime Disciplinar Diferenciado é necessária para impedir sua interferência na coleta de provas e nas investigações em curso contra outros envolvidos”, diz trecho da decisão.

Rogério de Andrade, conhecido por ser o maior bicheiro do Rio e patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, foi preso na Operação Último Ato, deflagrada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. A promotoria afirma que a nova denúncia tem novas provas que indicam que Rogério seria o mentor do assassinato de Fernando Iggnácio.

Iggnácio, genro e sucessor do contraventor Castor de Andrade, foi morto em 10 de novembro de 2020 na zona oeste do Rio. Ele havia acabado de desembarcar de um helicóptero, vindo de Angra dos Reis, quando foi atingido por tiros de fuzil.

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