O ex-presidente Jair Bolsonaro criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, relator de processos no Supremo Tribunal Federal (STF), após ser indiciado pela Polícia Federal (PF). Em declaração publicada em sua rede social nesta quinta-feira (21), Bolsonaro afirmou que o ministro “faz tudo o que não diz a lei”, acusando-o de conduzir inquéritos com base em depoimentos ajustados e de realizar “pesca probatória”.
O indiciamento de Bolsonaro integra o relatório final da PF sobre uma suposta organização criminosa acusada de planejar atos para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin como presidente e vice-presidente, respectivamente. Segundo o documento, o grupo também teria promovido ações coordenadas contra o Estado Democrático de Direito.
Além de Bolsonaro, outros 36 nomes foram citados no inquérito, incluindo figuras de destaque no governo do ex-presidente, como o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Também figuram na lista o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Em sua publicação, Bolsonaro minimizou as acusações e afirmou que aguardará análise jurídica para se defender. “Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta”, declarou.
A investigação ganhou novos desdobramentos nesta semana, com uma operação da PF realizada na terça-feira (19) para prender integrantes de outra organização criminosa, suspeita de planejar atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Contexto e repercussão
O indiciamento de Bolsonaro ocorre em meio a um cenário político polarizado, com grande repercussão nas redes sociais e ampla cobertura na mídia. A investigação tem como base a tentativa de subverter o resultado das eleições presidenciais de 2022, nas quais Bolsonaro foi derrotado por Lula.
O relatório da PF foi encaminhado ao STF, e caberá agora à Procuradoria-Geral da República decidir se apresentará denúncia formal contra os envolvidos. Caso a denúncia seja aceita, os acusados poderão responder judicialmente pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A condução do processo tem gerado debate jurídico e político, especialmente sobre os limites das investigações e o papel do STF na supervisão desses casos. As críticas de Bolsonaro a Moraes intensificam o embate entre o ex-presidente e o Supremo, que já protagonizaram episódios de confronto em anos recentes.