Pedidos de poda de árvore sobem no centro, mas caem nas demais áreas de São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois do vendaval do último dia 11, um prédio residencial na alameda Barão de Limeira ficou três dias sem energia elétrica. Os moradores do edifício na Santa Cecília, região central paulistana, estão entre os 3,1 milhões de clientes da concessionária Enel prejudicados pelo mais recente apagão na Grande São Paulo.

Galhos que se soltaram de uma árvore na calçada em frente ao condomínio danificaram a rede elétrica. Aviso não faltou. Desde janeiro o endereço tem um pedido de poda aberto na central de serviços 156 da prefeitura.

“Infelizmente faz muito tempo que tem um galho quebrado”, diz a síndica Piedade Soares, 73, que fez a solicitação à administração municipal. “Quando podam, fazem de maneira errada, cortam os galhos mais baixos, mas não podam a copa.”

Áreas centrais da capital paulista registram o maior aumento anual nos pedidos de poda ou remoção de árvores em áreas públicas entre os 96 distritos da cidade, aponta levantamento da Folha de S.Paulo com dados da central 156. Na maior parte da cidade, porém, houve queda nas solicitações.

O Bom Retiro lidera o aumento de notificações, com alta de 21%, na comparação entre os registros acumulados até o terceiro trimestre de 2023 e o mesmo período deste ano. Em segundo lugar está Santa Cecília, com crescimento de 17%, seguida por Cambuci e Sé, ambos com 11%. Todos ficam no centro.

Cidade Tiradentes, único distrito fora da região central a registrar alta na demanda por manejo arbóreo, na zona leste, teve aumento de 3% nas notificações apresentadas ao 156. Fechando a lista de altas, a República registrou crescimento de 1,5%.

Marsilac manteve quadro de estabilidade. Os demais 89 distritos apresentaram queda nos pedidos, sendo o maior declínio em Pedreira, com retração de 56%.

Uma das explicações para a redução geral nos pedidos relacionados a poda neste ano é o alto número de solicitações no ano passado.

Em 2023, munícipes reportaram 34,3 mil ocorrências de janeiro a setembro. É o maior registro para o mesmo período do ano no levantamento feito pela reportagem, a partir de 2015. Em média, os moradores apresentam 29,2 mil pedidos de poda ou remoção de árvores em locais públicos até o terceiro trimestre de cada ano.

Para chegar a resultados mais próximos dos números reais de ocorrências de problemas envolvendo árvores em locais públicos, a Folha de S.Paulo excluiu do cálculo pedidos que foram repetidos em menos de 30 dias dentro de raios de 20 metros no mesmo CEP. Também foram excluídas requisições para áreas privada

Em nota, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirma não reconhecer a metodologia aplicada pela reportagem.

A administração Nunes diz ser de 90% o seu índice de resposta para as solicitações de podas de árvores registradas pelo 156 de 2021 a 2024, considerando períodos de janeiro a setembro. Na regra aplicada pela reportagem, o índice de finalização sobe para 92%.

A prefeitura também diz ter aumentado em 22% o seu índice de pedidos finalizados na comparação com o quadriênio anterior. No método aplicado pela reportagem também há melhora, mas de 9%.

Mas o resultado da atual prefeitura fica negativo em 4,7% na comparação com a gestão anterior, se forem incluídos no cálculo o atendimento a pedidos antigos –que ingressaram no sistema em anos anteriores ao da finalização.

A prefeitura também alega ter reduzido em 89% o tempo médio de atendimento para poda, passando de 507 dias em média, no ano de 2017, para 54 dias, neste ano. Esses dados estão no sistema interno de zeladoria da prefeitura que, diferentemente do 156, não é aberto ao público e não pôde ser consultado pela reportagem.

A gestão Nunes culpa a Enel pela quedas de árvores que resultam em corte de energia, dizendo que a empresa realizou menos de 1% das podas que caberiam a ela –casos em que o serviço depende do desligamento da rede.

A concessionária não confirma o dado e, em vez disso, afirma que mais de 99% dos pedidos de podas solicitadas pela Prefeitura de São Paulo foram executados ou ainda estão dentro do prazo de 90 dias para conclusão.

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