O caminho não pode ser a nossa masculinização

Com mais de 20 anos no mercado de eventos, posso dizer que um pavilhão é a minha segunda casa. Ao longo da minha carreira, passei por diversas promotoras de feiras, congressos e encontros de negócios, sempre com muita paixão por essa área de atuação. No entanto, nem sempre encontrei ambientes preparados para valorizar as particularidades e os desafios enfrentados por mulheres em posições de liderança.

Durante minha trajetória, enfrentei questionamentos e estereótipos que raramente são direcionados a homens. Perguntas como “Você vai poder viajar a trabalho?” ou “Você dará conta de tantas responsabilidades?” eram comuns. Para ser levada a sério, precisei aprender a me impor de maneira firme, porém respeitosa, evitando a necessidade de adotar posturas que não condiziam com a minha essência.

Essa jornada me ensinou que o caminho para o reconhecimento não é a masculinização do comportamento, mas sim o exercício autêntico da liderança. A competência não tem gênero, e o valor de um profissional está em sua capacidade de entregar resultados e inspirar sua equipe.

Hoje, tenho o privilégio de liderar uma equipe dedicada e talentosa, onde cada voz é ouvida e respeitada. Em setores predominantemente masculinos, como os que atuamos, da indústria química, farmacêutica e cosmética, temos conquistado nosso espaço com excelência e competência. Somos responsáveis por conectar a indústria aos seus fornecedores, promovendo eventos que impactam diretamente o mercado. E quem está por trás dessa organização? Um time formado majoritariamente por mulheres, que tem sua capacidade de entrega e inovação constantemente reconhecida.

Acredito que um dos pilares para o sucesso de qualquer equipe é a felicidade no ambiente de trabalho. Tal Ben-Shahar, especialista em psicologia positiva, destaca que se aumentarmos em apenas 3 a 4% o nível de felicidade de uma pessoa, sua produtividade pode crescer até 40%. Esse dado revela o imenso potencial que reside em culturas organizacionais que priorizam o bem-estar e o equilíbrio emocional de seus colaboradores.

Esse aumento de produtividade, no entanto, não vem apenas de um ambiente alegre, mas de uma gestão que entende as necessidades de sua equipe, oferece suporte emocional e promove um equilíbrio saudável entre pressão e reconhecimento. É essencial criar um espaço onde as pessoas possam crescer sem abrir mão de sua autenticidade.

Acredito no poder de uma gestão humanizada e inclusiva, que promove o desenvolvimento profissional e reconhece a importância de um ambiente de trabalho saudável e colaborativo. Essa cultura organizacional inclusiva e empática é essencial para o crescimento profissional. Um ambiente que promove respeito, inclusão e desenvolvimento contribui para um mercado mais justo e equilibrado.

Escolhi trilhar minha carreira com base nesses valores, acreditando que a transformação cultural começa dentro das organizações. Quando isso acontece, outras mudanças positivas se tornam possíveis, tanto no ambiente corporativo quanto na sociedade.

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