Nunes reúne coligação, critica traidores e vê Tarcísio exaltado e Bolsonaro esquecido

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) reuniu na manhã desta segunda-feira (23) aliados políticos de peso em um evento na Vila Olímpia (zona sul) —mas o político mais saudado foi o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Com presidentes e parlamentares de 12 partidos políticos, os discursos para cerca de 400 pessoas tiveram otimismo e crença na vitória de Nunes e, principalmente, agradecimentos e projeções para Tarcísio, que é cotado como presidenciável da direita em 2026, já que Jair Bolsonaro (PL) está inelegível.

Ciro Nogueira, presidente do PP, por exemplo, afirmou que a coligação de Nunes pode inspirar “para, em 2026, estarmos unidos num grande projeto para unir o Brasil”. Enrico Misasi, presidente municipal do MDB, afirmou que o pleito atual trata não só dos próximos quatro anos de São Paulo, mas “dos próximos 10 anos para a história do Brasil”.

Presidente do MDB e coordenador da campanha, Baleia Rossi disse que Tarcísio é o fiador da coligação e “tem sido o carro chefe dessa aliança, andando os quatro cantos da capital”. Gilberto Kassab, presidente do PSD, disse que é preciso ter padrinhos políticos na vida pública e que Nunes “escolheu o padrinho certo, que é Tarcísio”.

Bolsonaro, que apesar de ter fechado uma aliança protocolar com Nunes e chegou a fazer acenos a Pablo Marçal (PRTB), foi mencionado apenas por Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

Nos bastidores, integrantes da coligação ressaltaram o comportamento volátil do ex-presidente e diminuíram a importância de que ele embarque de verdade na campanha, principalmente neste momento em que Nunes (27%) lidera o Datafolha e abriu margem em relação a Marçal (19%).

Em seu discurso, Nunes agradeceu a lealdade de Tarcísio e afirmou, sem citar Bolsonaro, que nem todos estiveram ao lado dele no momento mais difícil da campanha. No fim de agosto, Marçal encostou em Nunes e Guilherme Boulos (PSOL), provocando um empate técnico triplo.

Nunes afirmou que Tarcísio tem lealdade e palavra. “Hoje estamos bonitos na foto, está bem encaminhado. […] Tarcísio esteve comigo nos momentos bons e ruins. Não foram todos que fizeram isso, Mello, você sabe”, disse o prefeito, mencionando seu candidato a vice, Ricardo Mello Araújo (PL), policial bolsonarista indicado por Bolsonaro.

Após o evento, ao ser questionado pela Folha de S.Paulo, Nunes disse que não se referia a Bolsonaro.

“Bolsonaro sempre esteve do lado. Agora, o Tarcísio está aqui em São Paulo, a gente tem os trabalhos no dia a dia. […] O Tarcísio tem me acompanhado, tem sido uma pessoa de uma lealdade fora do comum, de uma parceria impressionante, que é difícil se ver na política. E, quando a gente tem isso, é preciso destacar”, respondeu.

Em seu discurso, ele mencionou também a traição de vereadores e disse que tem os nomes anotados em sua caderneta. O prefeito não citou o nome de Rubinho Nunes (União Brasil), que migrou para a campanha de Marçal, mas falou dele indiretamente.

Tarcísio ao ser questionado sobre os discursos que fizeram referência à eleição presidencial de 2026, disse agradecer a deferência, mas reforçou que deve ser candidato à reeleição. “A gente, obviamente, fica muito feliz com esse reconhecimento. Mas o meu foco, como eu já falei para vocês, não tem surpresa nenhuma, vocês não vão se surpreender lá na frente, é São Paulo.”

O evento deu uma demonstração de força com presidentes ou representantes dos 11 partidos da coligação (MDB, PSD, União Brasil, PL, PP, Republicanos, Podemos, Solidariedade, PRD, Mobiliza, Avante), além do Cidadania, que integra uma federação com o PSDB e, por isso, formalmente está na coligação de José Luiz Datena (PSDB).

Na primeira fila, sentaram lado a lado Tarcísio, Baleia, Valdemar, Ciro, Kassab, Milton Leite (União Brasil), Roberto Carneiro (Republicanos), Renata Abreu (Podemos), Paulinho da Força (Solidariedade), Arnaldo Jardim (Cidadania), Maurício Neves (PP), Ovasco Resende (PRD) —além do ex-governador Rodrigo Garcia.

Estavam presentes ainda candidatos a vereador, vereadores, secretários e deputados —inclusive da bancada bolsonarista da Assembleia Legislativa. O presidente do Legislativo paulista, André do Prado (PL), também compareceu.

Como de costume, Tarcísio exaltou a parceria entre prefeitura e estado em diversas obras e afirmou que a população da periferia não se deixou contaminar, em referência a Marçal.

“Nesse ambiente de agressões, nesse ambiente que nos preocupa, quem não está se contaminando é a pessoa da periferia”, disse.

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