BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Defesa, José Múcio, disse nesta quarta-feira (20) que não representam as Forças Armadas os militares presos em operação que apura um planejamento de golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do presidente Lula (PT).
O plano, segundo a Polícia Federal, incluía o assassinato do petista, de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Não são pessoas que representam as Forças Armadas. Não estavam representando os militares. Estavam com os CPFs [deles], isso foi iniciativa de cada um. E eu desejo que tudo seja apurado, que os culpados sejam verdadeiramente julgados pela Justiça”, disse ao chegar no Itamaraty, onde participa de jantar em homenagem à visita do presidente chinês, Xi Jinping.
“Quem trata disso é o STF e a PF. Nós só sabemos quando fato é consumado, processo é concluso. Eu desejo e as Forças também desejam que verdadeiramente quem mancha o nome das Forças Armadas, se verdadeiramente for culpado, que seja punido”, completou.
A operação desta terça-feira foi autorizada por Moraes e mirou um general da reserva, um policial federal e militares com formação nas forças especiais, os chamados “kids pretos”.
Ela ocorre menos de uma semana após o atentado com explosões na praça dos Três Poderes, sobre o qual Moraes e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, anteciparam conclusões que atrelam o episódio aos inquéritos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
A investigação da PF que deu origem à operação deflagrada nesta terça descobriu que as cinco pessoas presas (quatro militares e um policial federal) planejaram em 2022, em um aplicativo de mensagens, o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes para impedir a posse do petista.
Durante seu mandato, o hoje inelegível Bolsonaro acumulou declarações golpistas e atualmente é alvo de investigação da PF sobre o seu papel na trama que tentou impedir a posse do presidente eleito.7
As condutas dos cinco presos pela PF nesta terça-feira (19) podem ser enquadradas como crimes contra a democracia, segundo 4 de 5 especialistas em direito penal ouvidos pela Folha.
Há, porém, uma corrente divergente que entende as ações dos suspeitos como atos meramente preparatórios, o que levaria as condutas a não serem passíveis de punições no campo criminal.