Morre aos 81 anos o ex-presidente da Findes Sérgio Rogério de Castro

Por Marcelo Rossoni

Morre aos 81 anos o ex-presidente da Findes Sérgio Rogério de Castro
Sérgio Rogério de Castro

O ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Sérgio Rogério de Castro, faleceu nesta noite de terça-feira (31). Ele esteve hospitalizado por mais de um mês. A cerimônia de despedida será nesta quarta-feira (1º), entre 10h e 16, no Primícias Memorial House, na Rua Misael Pedreira da Silva, 170, Bairro Santa Lúcia, em Vitória (ES).

A presidente da Findes, Cris Samorini, que tomou posse da nova diretoria da CNI nesta mesma terça-feira, emitiu nota de pesar. "Ele esteve à frente da Findes de 1989 a 1992, com uma administração voltada à modernidade", assinalou. "Obrigada, presidente Sérgio... por tudo que representou para minha caminhada até aqui. Você sempre me inspirou imensamente e continuará me inspirando", diz no final da nota.

Mineiro

O empresário Sérgio Rogério de Castro era um mineiro de 81 anos e deixa a esposa Anamaria e três filhos, Sérgio, Giuliano e Leo. Nascido em Muriaé, em 9 de agosto de 1942, ele veio para o Espírito Santo. Filiado ao PDT, foi eleito em 2010 como primeiro-suplente do então senador Ricardo Ferraço (então do PMDB) na disputa para o Senado, para o período de 2011 a 2019.

O empresário veio para o Espírito Santo em 1972, com 30 anos de idade, mas a esposa e dois dos três filhos somente vieram alguns meses depois, em 1º de maio de 1973, enquanto o terceiro filho nasceu mais tarde.

Política

Eleito pela coligação "Juntos pelo Futuro", que uniu 16 partidos, entre esses o PT e PCdoB, assumiu o mandato pela primeira vez em novembro de 2017, após o ex-senador Ferraço, atual vice-governador do Espírito Santo, ter se licenciado do mandato. No dia 7 de março de 2018, durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal, ele fez o discurso de despedida.

"Um dia só, teria enriquecido a minha existência, um dia só, teria valido a pena. Foram 120 dias. Para mim nem parece, é verdade.  Em primeiro lugar, quero agradecer com sinceridade, com emoção, a acolhida que tive e a boa convivência que o tempo permitiu", disse no discurso que se encontra registrado nos Anais do Senado.

"Uma rica experiência, uma oportunidade imperdível de emprestar a minha fala, de manifestar o meu voto, em prol do crescimento sustentável do Espírito Santo e do Brasil, em prol do aperfeiçoamento da nossa democracia, uma imperdível oportunidade para relacionar-me, bem de perto, com brasileiros e brasileiras de grande valor. Um aprendizado novo na minha vida, uma oportunidade de conhecer melhor, de valorizar mais a atividade política", completou.

Contando Histórias

No dia 26 de novembro de 2014, durante o evento "Contando Histórias", realizado no auditório do 1º andar do edifício-sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), que estava repleto de convidados, o então presidente emérito da entidade empresarial falou sobre a sua trajetória de vida.

Sérgio Rogério contou sobre a "casa musical" e com enorme quintal em que cresceu em Muriaé, em Minas Gerais. Narrou a ida ao Rio de Janeiro para estudar no Colégio Pedro II até chegar à mudança com a família para Vitória, movido por uma ideia inovadora: substituir os sacos de café feitos de algodão pelos de material sintético. Na época, ele havia conseguido um financiamento do Bandes para colocar sua ideia em prática.

Fibrasa

Foi no Espírito Santo que sua veia empreendedora mais se desenvolveu. Foram muitos anos de luta no mercado até a decisão de investir em copos descartáveis. Hoje, a Fibrasa é uma marca de tradição na produção de embalagens plásticas de polipropileno. A   empresa que ele fundou, conquistou a confiança do mercado consumidor e atende todo o território brasileiro e, também, a América Latina.

A empresa surgiu na Serra no dia 10 de julho de 1972, tendo sido a primeira a ser implantada no recém inaugurado Centro industrial da Grande Vitória (Civit). "Quando decidimos implantar a empresa, éramos a terceira indústria de sacaria de ráfia no Brasil. Quando paralisamos, já existiam mais de 40 indústrias produzindo sacaria de ráfia", disse o empresário em depoimentos em reuniões na Findes. 

"Em 1989, começamos a produzir um outro tipo de embalagem. Nós começamos a produzir potes e tampas, copos de plásticos para alimentos e outros produtos, materiais de limpeza, e mais tarde passamos a produzir baldes para alimentos e materiais da indústria da construção civil". Naquele ano a fábrica agregou à sua linha de produção o que denomina embalagens rígidas, que são potes plásticos com tampas e copos plásticos industriais.

Esta agregação acabou provocando o encerramento da atividade inicial e em 1998 deixando de produzir sacaria. Com isso, passou a se dedicar a atender outros segmentos industriais, como margarina, laticínio, doces, sorvetes, temperos, água mineral, sucos, chás, sabão e bases para ovos de páscoa. Também passou a construir baldes industriais para tintas e produtos químicos e baldes industriais para alimentos.
 
"Em 1998, o Brasil já possuía mais de 40 fábricas de sacaria. Em 1989, a Fibrasa já havia dado os primeiros passos para atender outros tipos de produtos, como margarina, sucos, água mineral e iogurte. Por questão emocional, eu até gostaria de ter permanecido com a sacaria, mas meus filhos, que a essa altura me ajudavam a administrar a empresa, me fizeram ver que a mudança por embalagens mais rígidas seria muito importante para o crescimento da Fibrasa", explicou.  Em 1994, a Fibrasa abriu sua filial na cidade Abreu e Lima, em Pernambuco.

Associativismo

O empresário fez questão de destacar suas atuações na Associação dos Empresários da Serra (Ases), que idealizou e a presidiu no mandato de 1978/1982; no Espírito Santo em Ação; e no Rotary Club. Ainda falou das atividades na Findes e na Confederação Nacional da Indústria (CNI), na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e na carreira política.

"Eu acredito muito na importância do associativismo para que as comunidades, os bairros, as cidades, estados e os países sejam melhores. O associativismo ajuda a gerar bem-estar", disse o idealizador da Escola de Associativismo. 

"Nós temos um foco, queremos o jovem e o associativista que é dirigente pela primeira vez. Queremos ensinar a maneira adequada de conduzir uma associação e de se fazer representar diante das autoridades para conseguir benefícios para todos", assinalou Sérgio Rogério de Castro.

Epitáfio

Naquela ocasião, sua esposa, Anamaria Castro, contou sobre a mudança para Vitória. E revelou qual gostaria que fosse o seu epitáfio. "Foi um bom pai, um bom filho, um bom marido, um bom avô", disse, antes de encerrar com o poema de Fernando Pessoa, "O que ficou".

Ao fazer uma avaliação da sua vida, Sérgio Rogério destacou alguns pontos que o levaram ao sucesso: estudo, pontualidade, trabalho árduo, compromisso com o credor pagando suas dívidas, respeito aos sócios e o bom trato com os colaboradores.