SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) teve questões com a música “Macetando”, das cantoras Ivete Sangalo e Ludmilla, além de tratar das ondas de calor, enchentes no Rio Grande do Sul e a guerra entre Rússia e Ucrânia.
O vestibular neste domingo (20) ocorreu em horário inédito, com início às 9h. A instituição fez a mudança para evitar prejuízos aos candidatos por conta da maior incidência de eventos climáticos extremos.
Segundo a Comvest, responsável pela organização da prova, a mudança foi bem-sucedida.e será mantida nas próximas edições do vestibular. A abstenção da prova foi de 7,1% no ano anterior, havia sido de 6,9%.
“A antecipação do horário da prova teve uma resposta extraordinária. A abstenção ficou quase a mesma do ano passado, sendo o segundo menor índice de faltosos dos últimos dez anos. Estávamos receosos com a mudança, mas ela veio para ficar”, disse José Alves de Freitas Neto, diretor da Comvest.
Ainda segundo ele, a prova foi aplicada em 31 cidades de São Paulo, além de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Salvador e Recife. Em nenhum local houve qualquer incidente que prejudicou a aplicação da prova. “Não tivemos nenhuma queda de energia, como sempre enfrentamos em anos anteriores”, disse.
Questões
A prova da primeira fase da Unicamp é composta por 72 questões de múltipla escolha. Uma delas citava a música “Macetando”, hit do último Carnaval, em uma questão de português que abordava o duplo sentido do verbo.
“A prova da Unicamp tem essa característica de abordar assuntos que são pop, que fazem parte do cotidiano dos candidatos. Essa questão com a música, por exemplo, abordava a brincadeira com o verbo macetando para avaliar o conhecimento gramatical do estudante”, disse Márcia Magalhães, coordenadora pedagógica da Comvest.
As questões climáticas que pautaram a mudança do horário do vestibular também estiveram fortemente presentes na prova. As enchentes no Rio Grande do Sul e as ondas de calor também foram abordadas. Uma das perguntas também tratava da responsabilidade dos entes federados brasileiros nos casos das inundações.
Na prova de inglês, a Unicamp fez uma abordagem sobre gírias da geração Z, além de profissões e gênero em um dos textos de apoio.
Das nove obras literárias cobradas no vestibular, seis foram abordadas na prova. O livro “A vida não é útil”, de Ailton Krenak, e canções de Cartola apareceram nas questões.
Rafaela Localli, professora de geografia do colégio e cursinho Oficina do Estudante, avalia que a prova trouxe questões bastante atuais, abordando inclusive conflitos que ainda estão acontecendo, como entre Israel e Palestina, Venezuela e Essequibo, e Rússia e Ucrânia.
“Também trabalhou aspectos da geografia física, como as massas de ar e os impactos climáticos no Rio Grande do Sul. Foi bem específica em climatologia, exigindo que o candidato tivesse segurança sobre zonas de alta e baixa pressão.”
Para ela, uma das questões de maior nível de complexidade foi uma que tratava da Amazônia Azul. “Inclusive, a resposta estava na própria imagem, ao abordar a plataforma continental e a exploração na zona econômica exclusiva do nosso mar territorial.”