Latino-americanos confiam pouco em Lula como líder global, aponta pesquisa

BUENOS AIRES, PE (FOLHAPRESS) – Sede da cúpula dos líderes do G20 neste ano, o que lhe dá projeção internacional, o Brasil é bem-visto por cidadãos da América Latina, mas o presidente Lula (PT) não goza de muita confiança como uma liderança global, aponta o Pew Research Center.

Levantamento conduzido presencialmente pelo reconhecido centro de pesquisas americano revela que, em média, 52% dos respondentes de cinco países da região (Argentina, Peru, Colômbia, México e Chile) e dos Estados Unidos têm uma imagem favorável do Brasil.

Mas, quando o assunto é o presidente Lula, apenas uma média de 30% diz confiar no chefe do Palácio do Planalto para fazer a coisa certa em temas de assuntos internacionais —neste aspecto, o levantamento não incluiu participantes dos EUA. Outros 55% não confiam.

Chilenos e mexicanos lideram a desconfiança em relação ao petista, com 62% e 60% nesta categoria, respectivamente. À reportagem a pesquisadora Christine Huang, ligada à pesquisa tornada pública nesta segunda-feira (23), diz que alguns fatores demográficos têm relação com como o latino-americano entende Lula.

A saber: na Colômbia, no México e no Peru, o acesso à educação tem relação direta, com adultos com maior nível de acesso confiando mais no brasileiro; nesses dois últimos países, a renda também tem a ver, com adultos com maiores ingressos confiando mais no petista.

Já na Argentina, notou-se relação direta com a ideologia. Adultos que se dizem à esquerda no espectro político são mais favoráveis a Lula.

O levantamento também permite observar que, no geral, os latino-americanos entendem o Brasil como um país cuja influência na comunidade internacional ou permaneceu a mesma ou tem crescido ao longo dos últimos anos. (O texto continua após a série de gráficos.)

Catapultar a projeção global do país é uma bandeira dos governos de Lula desde os seus dois primeiros mandatos, nos anos 2010. O cenário global com o qual se deparou ao voltar a Brasília em 2023, no entanto, foi bem diferente para os planos do petista e de sua diplomacia.

As respostas para o levantamento foram colhidas presencialmente na América Latina com 5.180 adultos dos países incluídos de janeiro a abril. Já na parte que incluiu os EUA, as perguntas foram feitas em abril com uma amostra de 3.600 adultos em uma plataforma online.

Uma pesquisa paralela do Pew Research também dá pistas de como os próprios brasileiros compreendem o Brasil e o atual presidente. A maior parte (38%) diz pensar que o Brasil eventualmente se tornará um dos países mais poderosos do mundo. Outros 23% dizem que o país já o é, uma cifra muito superior à de 2017, quando apenas 16% diziam isso.

Também cresceu a porcentagem dos que dizem confiar no governo para fazer o que for certo para o país, com 47% na atual pesquisa, conduzida de janeiro a maio com 1.054 adultos presencialmente, ante 23% em levantamento similar realizado no ano de 2017.

Cerca de seis em cada dez brasileiros adultos também afirmaram que a democracia representativa é uma boa forma de governo. Foi a maior cifra em relação a outras formas de governo sobre as quais o Pew Research perguntou, mas ainda assim é um número menor do que o observado em outros países pelo centro de pesquisa.

Cerca de um terço dos respondentes (32%) também disseram que, com Lula de volta à Presidência, o Brasil se tornou mais democrático. Em comparação, apenas um a cada cinco (21%) disseram que o país se tornou menos democrático. Outros 42% disseram que o estado da democracia brasileira não se alterou com o retorno do petista.

A cúpula de chefes do G20 será realizada no Rio de Janeiro em novembro. Um dos convidados polêmicos foi o presidente russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado internacional de prisão. A Rússia é membro do grupo das grandes economias globais.

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