SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jerry Cantrell, nome fundamental do rock das últimas quatro décadas, guitarrista e cantor da banda americana Alice in Chains, está voltando ao Brasil para um show único na Audio, em São Paulo, nesta terça-feira (12).
A apresentação faz parte da turnê de lançamento do mais recente álbum solo de Cantrell, “I Want Blood”. É o quinto disco que o guitarrista lança fora do trabalho com o Alice in Chains e o primeiro em três anos. “Entre Brighten [de 2021] e o disco anterior, foram quase 20 anos”, diz Cantrell, “Mas assim que terminei a turnê de Brighten, comecei a trabalhar no novo disco. Não sei o que aconteceu, eu me senti numa fase muito criativa e praticamente emendei um disco no outro.”
Cantrell tem 58 anos e é um baluarte do movimento grunge, a notável geração de bandas que surgiu no fim dos anos 1980 na região de Seattle, noroeste dos Estados Unidos, que revelou, além do Alice in Chains, nomes como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Mudhoney.
“Era uma cena muito ativa e amigável”, afirma Cantrell. “Todo mundo tocava com todo mundo e era amigo. Íamos aos mesmos shows e ouvíamos as mesmas coisas punk, metal, rock de garagem. Cada um, à sua maneira, fez o seu estilo de rock pesado. Não podemos esquecer que Seattle tem uma grande tradição de bandas de rock, de Jimi Hendrix a Heart, passando por The Sonics e Queensryche. Tínhamos um legado imenso para continuar.”
No show de São Paulo, Cantrell vai tocar várias músicas do disco novo, mas não deixará de lado clássicos do Alice in Chains. “Sei que nossa música marcou muita gente, e as pessoas que vão a meus shows gostam de ouvir suas músicas prediletas do Alice. Mas tenho tocado as músicas novas ao vivo, e a reação tem sido extraordinária, com todo mundo curtindo e ouvindo com atenção meu novo trabalho.”
Cantrell já tocou algumas vezes com o Alice in Chains no Brasil, mas apenas uma com a formação clássica da banda. Foi em 1993, quando o grupo veio com o cantor Layne Staley, o baixista Mike Inez e o baterista Sean Kinney.
Staley morreu em 2002, aos 34 anos, vítima de uma overdose de heroína e cocaína. Não foi a única tragédia com integrantes de banda em 2011, o ex-baixista do grupo, Mike Starr, também morreu de overdose, aos 44 anos.
Cantrell diz ser grato pela obsessão que os fãs demonstram pelo Alice in Chains. “Acho que somos uma banda que sempre se arriscou musicalmente. Fizemos discos diferentes e inesperados. Não é toda banda que lança dois EPs acústicos como nós”, diz, se referindo a “Sap”, de 1992, e “Jar of Flies”, de 1994. “Isso poderia parecer suicídio comercial e não fazer muito sentido no papel, mas era o que queríamos fazer na época. Acho que isso nos libertou para tentar coisas diferentes.”
“O público aprendeu a curtir nosso lado pesado ao lado da nossa faceta mais acústica. Nossos fãs nos viam de um jeito mais amplo e não sabiam o que esperar. Muita gente pegou o bonde com a gente e embarcou em nossa viagem”, afirma.
O músico toca no Brasil após apresentações em Santiago e em Buenos Aires na última semana. “A conexão que temos com o público brasileiro e sul-americano em geral é uma coisa única”, diz. “Não é em todo lugar do mundo que você ouve os fãs cantando todas as notas do seu solo de guitarra. Eu não vejo isso acontecendo muito nos Estados Unidos, talvez porque eu toque muito aqui e os fãs já estejam um pouco entediados de me ver.”
JERRY CANTRELL
– Quando Ter. (12), às 21h
– Onde Audio – av. Francisco Matarazzo, 694, São Paulo
– Preço R$ 400