SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, rejeitou nesta quinta-feira (26) a proposta de cessar-fogo com o Hezbollah que os Estados Unidos e a França, ao lado de aliados como a Arábia Saudita e a União Europeia, haviam feito na véspera.
“Não haverá cessar-fogo no norte. Continuaremos lutando contra a organização terrorista Hezbollah com toda a nossa força até a vitória e o retorno seguro dos residentes do norte às suas casas”, disse o chanceler em um comunicado na rede social X.
O texto pedia o início imediato de negociações entre as duas partes e uma pausa de 21 dias nos combates que mataram centenas no Líbano -as ofensivas na fronteira entre os dois países aumentaram nos últimos dias e chegaram ao norte do Líbano e a Tel Aviv.
A declaração de Katz, porém, frustra as esperanças de uma trégua. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que está a caminho de Nova York para discursar na Assembleia-Geral da ONU, disse que ainda não havia dado sua resposta à proposta, mas instruiu o Exército a continuar lutando.
Segundo o jornal Times of Israel, que atribui a informação a um diplomata de alto escalão ocidental, tanto Israel quanto o Líbano haviam dado aval à proposta reservadamente, mas Netanyahu se afastou do texto assim que ele foi divulgado.
Ainda de acordo com o veículo, esse diplomata afirma que a postura de Bibi, como o premiê israelense é chamado, é semelhante à que adota nas negociações com o Hamas -mostrar abertura internamente para depois rechaçar os planos em público.
Nesta quinta, o Exército de Israel afirmou ter atacado no sul e no leste do Líbano cerca de 75 alvos que seriam bases do Hezbollah. Os bombardeios teriam atingido o vale do Bekaa, no leste do país, e o sul, segundo Tel Aviv.
Mais tarde, o Exército afirmou ter bombardeado Beirute, e o som de uma explosão foi ouvido nos subúrbios ao sul. Uma pessoa da área de segurança disse à agência de notícias Reuters que o ataque teve como alvo um líder de alto escalão do Hezbollah.
O ataque ocorreu em uma região em que várias das instalações do grupo armado libanês estão localizadas, mas onde muitos civis também vivem e trabalham. A TV Al-Manar, da facção, transmitiu imagens do andar superior de um edifício danificado.
Milhares de libaneses buscaram abrigo em escolas de Beirute. Em um deles, organizações de ajuda estavam distribuindo roupas e alimentos e verificando os medicamentos necessários para idosos que fugiram rápido demais para pegar seus remédios.
Na cidade libanesa de Younine, no leste do país, ao menos 23 pessoas, todas sírias e a maioria formada por mulheres e crianças, foram mortas em um ataque israelense a um prédio de três andares na noite de quarta-feira (25), disse o prefeito Ali Qusas à Reuters. O Líbano abriga cerca de 1,5 milhão de sírios que fugiram da guerra civil em seu país natal.
Os combates levaram alguns países vizinhos a se preocuparem com a segurança de seus cidadãos que vivem no Líbano. A Turquia, por exemplo, está preparando uma possível operação de resgate de seus cidadãos, disse uma fonte do Ministério da Defesa do país nesta quinta.
Na última semana, Israel lançou os maiores ataques aéreos contra o Líbano desde a guerra de 2006, matando mais de 600 pessoas. O Hezbollah, por sua vez, disparou centenas de mísseis contra alvos no país vizinho, incluindo Tel Aviv, mas o sistema de defesa aérea israelense garantiu que os danos fossem limitados.
A intensidade dos ataques mostram que a guerra iniciada pelo ataque terrorista do Hamas há quase um ano está em uma nova fase. Embora pesquisas mostrem que há apoio popular a uma solução para a crise no norte, Israel já prepara uma ofensiva terrestre caso o Hezbollah não recue para a faixa delimitada pela ONU em um acordo de 2000, criando um tampão entre o grupo e Israel no sul do Líbano.