SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As Forças Armadas de Israel mataram pelo menos 19 palestinos neste sábado (12) em bombardeios contra o campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, segundo autoridades locais, controladas pelo grupo terrorista Hamas.
Tanques avançam sobre o local onde milhares de palestinos estão cercados por tropas de Tel Aviv, que afirma realizar uma operação com o objetivo de evitar uma reorganização do Hamas no norte do território palestino. Israel diz ter encontrado armas e infraestrutura militar no local.
“Ninguém pode entrar nem sair, e quem tentar é baleado”, disse a coordenadora do MSF (Médicos sem Fronteiras) em Gaza, Sarah Vuylsteke. “Não sei o que fazer, podemos morrer a qualquer momento. As pessoas estão passando fome, e tenho medo de ficar, mas também tenho medo de ir”, afirmou um dos motoristas da organização.
De acordo com o Ministério de Saúde de Gaza, mais de 150 pessoas foram mortas por Israel em Jabalia na última semana. Desde o início da guerra, que teve como estopim o ataque de 7 de outubro no qual 1.200 israelenses morreram, mais de 42 mil palestinos foram mortos por bombardeios israelenses na Faixa de Gaza.
Na sexta (11), as tropas de Israel atingiram quatro casas em Jabalia, matando cerca de 20 pessoas e ferindo dezenas, de acordo com médicos no local. Soldados do país também invadiram as cidades de Beit Hanoun e Beit Lahiya e ordenaram que seus residentes deixem suas casas e fujam para o sul do território.
Entretanto, com cerca de dois terços de todos as construções em Gaza destruídas, de acordo com um levantamento da ONU, funcionários das Nações Unidas reiteram que os palestinos não têm para onde ir, e a situação de fome é generalizada entre os 2 milhões de habitantes do território.
Autoridades de Gaza dizem ainda que Israel ameaçou esvaziar três hospitais que operam na região à força, uma ação que colocaria pacientes e profissionais de saúde em risco. O Hamas diz que a operação de Tel Aviv tem o objetivo de punir os civis palestinos por não deixarem suas casas no norte do território. Israel afirma que não mira alvos civis.
A ONU diz que as ações de Israel podem afetar a campanha de vacinação contra a poliomielite realizada pelas Nações Unidas em Gaza. O primeiro caso da doença em 25 anos no território foi detectado em agosto deste ano, e as duas partes do conflito concordaram com pausas humanitárias para permitir a imunização de crianças.
Ainda neste sábado (12), Israel ordenou que moradores de 22 vilarejos do sul do Líbano deixem suas casas. O comunicado militar menciona locais que já estão sob bombardeio de Tel Aviv, e cujos residentes, em sua maioria, já abandonaram o local.
Israel tem repetido que seu objetivo na invasão do Líbano é garantir a volta dos residentes do norte de Israel, fora de casa há meses a região é o principal alvo de foguetes do grupo armado Hezbollah vindos do outro lado da fronteira, e o grupo armado pediu que israelenses se afastem de alvos militares localizados em meio a áreas residenciais no país.
Até aqui, a invasão de Tel Aviv contra o Líbano já forçou mais de 1,2 milhão de libaneses a deixar seus lares e matou cerca de 2.100 desde o 7 de outubro de 2023, de acordo com Beirute.
O Hezbollah disse no sábado que lançou um ataque com drones contra uma base militar em Haifa, importante porto israelense no norte do país. Sirenes de alarme soaram no centro de Israel, e o Exército do país disse ter interceptado um “projétil disparado do Líbano”.
Os disparos coincidem com o feriado judaico do Yom Kippur, o chamado “Dia do Perdão”, que Israel celebra da noite de sexta-feira até o pôr do sol deste sábado. Ao longo desse período, que é o feriado mais importante do judaísmo, o país para: as fronteiras, os aeroportos e a maior parte das empresas permanecem fechados e o transportes públicos é suspenso. As ações militares de Israel, entretanto, continuam.