RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A primeira-dama Janja Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (24), que o governo trabalha em um programa para reduzir impactos da pobreza energética, principalmente entre as mulheres brasileiras hoje dependentes de lenha para cozinhar.
O programa prevê a implantação de cozinhas comunitárias em periferias, com o uso de gás produzido em biodigestores. “[Essas mulheres] não vão mais sofrer queimaduras porque estão cozinhando com lenha, não vão mais precisar andar atrás da lenha sob risco de serem estupradas”, afirmou Janja.
No Brasil, a lenha ainda responde por 25% da matriz energética residencial, segundo dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
É uma fatia maior do que os 21% do GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha). Desde 2017, quando o Brasil estava no início da recessão pós governo Dilma Rouseff, a fatia da lenha é maior do que a do gás.
Janja participou de um evento paralelo à reunião de vice-ministros da Fazenda do G20, que ocorre no Rio de Janeiro e foi usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para lançar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
O evento da primeira-dama era voltado para a segurança alimentar de mulheres e crianças no mundo, mais vulneráveis à fome e às mudanças climáticas e foco dos programas de combate à pobreza do governo brasileiro.
Janja disse que a ideia das cozinhas comunitárias surgiu após visitas com o presidente Lula à África, onde a pobreza energética também é um problema a ser enfrentado.
A primeira-dama disse que a proposta sobre a pobreza energética será apresentada em outubro em grupo de trabalho sobre transição energética do governo. Além da redução do uso de lenha, afirmou, tem impacto no tempo gasto pelas mulheres com cuidado com as famílias.
“As mulheres cuidam pouco de si. Cuidam dos seus filhos, dos seus maridos, de suas famílias, de suas sogras, a fome é uma expressão disso”, reforçou a presidente do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), Elizabette Recine.
“Mulheres precisam estar livres de todas as formas de violência e precisam ter o direito de exercer os seus destinos.”
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada nesta terça por Lula, tem o objetivo de compartilhar experiências e programas bem-sucedidos entre os países que sofrem com as desigualdades globais.
O foco, como nos programas de distribuição de renda brasileiros, também devem ser as mulheres. A aliança é um dos legados que Lula pretende deixar ao fim da presidência brasileira do G20, ao lado de colaboração global para a taxação de bilionários, que enfrenta maior resistência.