RIO – Em tempos em que o suposto affair do presidente da França, François Hollande, com uma atriz levou o país a questionar o status da primeira-dama – a jornalista Valérie Trierweiler -, nos Estados Unidos, a ocupante do posto está acima de qualquer suspeita. Desde que se mudou para a Casa Branca, em 2009, Michelle, mulher do presidente americano, Barack Obama, virou referência de mãe e esposa. Suas roupas ditam moda, sua elegância e boa forma rendem elogios rasgados na imprensa e suas declarações viram notícia. Ou polêmicas, como a mais recente, na qual Michelle pediu aos convidados que comam antes de chegar à sua festa de 50 anos, idade que a primeira-dama completa nesta sexta-feira sob os olhares atentos dos americanos.
Michelle é tida como a primeira-dama mais popular nos EUA desde Jacqueline Kennedy. Com uma diferença: advogada destacada antes de acompanhar o marido à Casa Branca, e dona de opiniões fortes, ela foi além do usual protocolo do posto – sorrir e participar de eventos sociais – e exerce influência junto ao marido. O jeito extrovertido, informalidade à parte em relação às primeiras-damas convencionais, também ajudou a conquistar os americanos. A intimidade demonstrada com Obama desde o primeiro mandato, com direito a frases ao pé do ouvido e beijinho na festa da posse, conferiu modernidade e humanidade à imagem do casal – que, com as filhas Malia e Sasha, viraram praticamente a família real americana em termos de cobertura midiática.
Michelle nasceu em Chicago, em 1964, e cresceu numa casa de um quarto no sul da cidade. O pai era empregado da companhia de água de Chicago, e a mãe trabalhou como secretária até decidir se dedicar à educação de Michelle e o irmão, Craig, que dormiam num quarto improvisado na sala. Apesar das dificuldades financeiras, faziam questão de passar tempos juntos.
Michelle sempre estudou em escolas públicas, onde aprendeu francês e frequentou turmas para crianças consideradas superdotadas. Depois do Ensino Médio, seguiu para a prestigiada Universidade de Princeton, onde estudou Sociologia, e então para Harvard, onde se formou advogada, em 1988. Foi num escritório de advocacia, Sidley & Austin, que ela conheceu o futuro marido e presidente. Obama fez um estágio de verão na empresa, e Michelle foi designada para orientá-lo. Um mês depois, Obama chamou-a para sair. Ela recusou o primeiro convite, mas cedeu depois. Em 1992, após dois anos de namoro, eles se casaram.
Michelle teve uma trajetória destacada como advogada. Exerceu a profissão até o início da campanha do marido à Presidência, em 2007. Ela trocou um salário anual de US$ 270 mil pela vida na Casa Branca. E não saiu mais das páginas de jornais e revistas. Os vestidos usados por ela nos bailes inaugurais dos mandatos de Obama – um branco de um ombro só no 1º e o vermelho de chiffon e superposições em veludo no 2º, ambos de Jason Wu – ditaram moda, assim como todo o guarda-roupa da primeira-dama desde então. Até Obama descreveu o corte de cabelo com franjinha revelado pela mulher na segunda posse como “o acontecimento mais significativo do final de semana”.
Mãe solteira, selfie e Botox
Michelle, porém, sempre fez questão de destacar a vida em família por cima dos deveres políticos. E isso rendeu outra de suas declarações marcantes: em abril passado, numa entrevista, ela chegou a se referir a si mesma como uma “mãe solteira atarefada” diante dos inúmeros compromissos do marido presidente. Depois riu, e corrigiu a expressão.
Em dezembro, mostrou que nem as primeiras-damas estão imunes a demonstrações de ciúmes: enquanto Obama posava sorridente num selfie ao lado da primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning Schmidt, em pleno funeral de Nelson Mandela, Michelle apareceu ao lado com o semblante fechado e cara de poucos amigos.
Ela também mostrou não ter a menor cerimônia ao admitir, nesta semana, que não descartaria encarar uma cirurgia plástica ou aplicar Botox no futuro. Dona de braços torneados e forma física invejável, a primeira-dama contou ser adepta de exercícios. Disse não ser obcecada com a comida, mas afirmou seguir uma dieta saudável, com frutas e legumes. É uma de suas bandeiras também no plano político: ela chegou a lançar, no ano passado, um CD de rap e hip hop contra a obesidade infantil.
– Não me imagino recorrendo a plásticas ou Botox, mas nunca diga nunca – contou em entrevista à revista “People”.
O que continua um segredo, até agora, é o vestido que usará nesta sexta, ao receber seus convidados – sem direito a jantar – na Casa Branca.