MONTREUX – O mediador da ONU para as negociações de paz síria, Lakhdar Brahimi, terá conversas separadas com delegações rivais para avaliar a disposição de ambas as partes para dialogar. No primeiro dia da conferência Genebra II, na cidade suíça de Montreux, na quarta-feira, representantes do presidente sírio, Bashar al-Assad ,e da oposição trocaram acusações sem demonstrar confiança mútua, evidenciando a dificuldade de se chegar a um acordo para pôr fim a uma guerra que já deixou cerca de 130 mil mortos.
A iniciativa de Brahimi ocorre antes do início das negociações, marcada para sexta-feira. Ainda não está claro se os dois lados vão negociar cara a cara – conforme planejado pela ONU. O correspondente da BBC Bridget Kendall em Montreux destaca o fato de que, embora o processo de paz tenha tido um começo difícil, pelo menos nenhuma das duas delegações rivais do governo e da oposição deixaram a conferência.
Durante a reunião, o chanceler sírio, Walid al-Muallem, sinalizou que a Síria poderia resistir às tentativas de estabelecer um governo de transição, conforme acordado na conferência de 2012 – Genebra I – e exigido pela oposição. Muallem disse que cabe ao povo definir o destino da Síria e do presidente Assad.
O representante da oposição Anas al-Abdah, no entanto, advertiu que se o governo sírio não aderir aos termos de Genebra I, não haverá uma linha ou um ponto de referência para as negociações. Ambos os lados se acusaram mutuamente de terrorismo e cometer crimes contra a humanidade.
Apesar de ser considerada o maior esforço diplomático internacional para pôr fim ao conflito, a conferência Genebra II começou com pessimismo. A possibilidade de cessar-fogo a curto ou médio prazo é quase inexistente, já que os representantes da oposição nas negociações não têm controle sobre os combatentes dentro do país.