RIO – Logo após as ameaças feitas pelo chefe de gabinete Jorge Capitanich, o governo argentino começou a multar empresas por remarcação abusiva de preços. Segundo informou a Secretaria de Comércio, nesta quarta-feira, já foram autuadas 31 redes de eletrodomésticos e supermercados por desrespeito à Lei de Lealdade e Respeito ao Consumidor. Entre os motivos alegados para as infrações estavam a falta de preços dos produtos nas vitrines e a especificação sobre o preço de venda, de acordo com o “Ámbito Financiero”.
Capitanich enfatizou que “a conduta especulativa de comerciantes e empresários dá vergonha porque é antipatriótica”.
Nos moldes do acordo firmados com os supermercados sobre Preços Controlados, o governo estuda ampliar esses acordos também para uma cesta de material escolar e uma outra para o setor de eletrodomésticos.
Conforme relatou O GLOBO nesta quarta-feira, o desabastecimento voltou a pairar sobre a Argentina, em meio à delicada crise cambial que provocou a maior desvalorização sofrida pelo peso desde março de 2002.
Em reunião com representantes de empresas de diversos setores, entre elas de alimentos e supermercados, o secretário de Comércio Interior, Augusto Costa, sucessor do polêmico Guillermo Moreno, admitiu que, em alguns supermercados, a escassez de produtos alcança 46%, ou quase metade do total. Para provar a denúncia, o secretário mostrou a foto de uma prateleira quase vazia de garrafas de Coca-Cola. A Casa Rosada fez duas exigências aos empresários locais: não repassar a desvalorização (que este mês seria de mais de 20%) aos preços e evitar a falta de produtos. E ameaçou fechar lojas, em “casos extremos”.
– O Estado tem várias ferramentas (para controlar o comércio), como multas pelo não cumprimento de acordos (o chamado plano de Preços Cuidados) e, em caso extremo, podemos chegar ao fechamento – declarou Capitanich.