A insulina voltou a faltar no Espírito Santo. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado do Espírito Santo (Sincofaes), Edson Daniel Marchiori, a escassez atinge mais de 3,5 mil farmácias em todos os 78 municípios do Estado. O representante do setor recomenda aos pacientes ir no médico e pedir a substituição por outras marcas de insulina:
“A única conclusão que eu cheguei, é que o pessoal tem que voltar no médico, (porque) tem outros tipos de insulina, sem ser essas, que são mais populares, mais baratas”, acentuou. Segundo Marchiori “a Indústria está com um problema de demanda muito grande e está dando preferência mais ao Governo, para o Governo distribuir para o pessoal mais carente.”
Sesa
A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa-ES) informa que recebe insulina apenas para atender a rede de hospitais estaduais e ofertar esse medicamento na Farmácia Cidadã. Mas, admitiu que o estoque de insulina encontra-se atualmente “abaixo do normal”. Veja a seguir a nota da Sesa-ES:
“A Gerência de Assistência Farmacêutica (GEAF) informa que há oferta de insulinas NPH e Regular nos hospitais da rede estadual, no entanto os estoques estão um pouco abaixo da normalidade, mas suficiente para atender a demanda nos próximos dias. Ressalta-se ainda que está em processo de compra desses medicamentos”, diz a nota.
SUS
Em nota enviada a este portal de notícias, o Ministério da Saúde garante que “o fornecimento das insulinas humanas NPH e Regular, nas apresentações de frasco de 10 mL e tubete de 3 mL, estão com fornecimento regular no SUS.” Para isso, o paciente deve se dirigir ao posto de saúde municipal, para obter o medicamento gratuitamente. Veja a seguir a íntegra da nota do Ministério da Saúde:
“A insulina análoga de ação rápida e as insulinas humanas NPH e Regular, nas apresentações de frasco de 10 mL e tubete de 3 mL, estão com fornecimento regular no SUS. As insulinas humanas e as agulhas para caneta de insulina fazem parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), enquanto as insulinas análogas de ação rápida fazem parte do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, sendo adquiridas e distribuídas pelas respectivas pastas (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde). A programação e a dispensação ficam a cargo dos estados, municípios e do Distrito Federal.
As insulinas também são ofertadas pelo Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB), que atua de forma complementar à assistência farmacêutica do SUS, ou seja, a maior parte dos usuários dessas insulinas são atendidos na Rede Pública de Saúde.
O Farmácia Popular atua por intermédio de uma parceria com as farmácias da rede privada que recebem um ressarcimento das dispensações que são efetuadas, com base nos valores de referência estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Vale ressaltar que esses estabelecimentos têm autonomia para definir os produtos em estoque de acordo com a demanda e negociação com os seus fornecedores.
Com relação a empresa Biomm, ela possui registro sanitário para a produção da insulina Glargina (é uma forma modificada de insulina médica de ação prolongada, usada no tratamento do diabetes tipo I e tipo II, injetada logo abaixo da pele) no Brasil, sendo o planejamento de fabricação do produto de responsabilidade da fabricante.”
Biomm
A fábrica da Biomm em Nova Lima informa que está operando normalmente. Desde junho, iniciou a produção da insulina glargina (Glargilin). “A unidade foi projetada para atender 100% da demanda nacional desse medicamento, com capacidade de produzir até 20 milhões de carpules anualmente. Com investimentos de R$800 milhões, essa fábrica representa um marco estratégico para reduzir a dependência do Brasil em insulinas importadas, assegurando o fornecimento contínuo e ampliando o acesso ao tratamento para pessoas com diabetes no país”, informou em nota.
Segundo a Biomm, a distribuição é realizada de forma ampla, abrangendo tanto o mercado público quanto o privado, assegurando que os medicamentos cheguem com eficiência a todos os estados do Brasil. “A insulina glargina é indicada para o tratamento de diabetes tipos 1 e 2. Trata-se de uma insulina de longa ação, que proporciona um controle glicêmico eficiente e seguro com uma única aplicação diária.”.
A Biomm também possui capacidade para fabricar insulina humana recombinante e outros biomedicamentos, o que permite maior suporte ao tratamento da diabetes no Brasil. “A Biomm está intensificando seus esforços para atender às necessidades da população com diabetes, indo além da insulina glargina. Neste ano, foram assinadas cinco importantes parcerias que ampliam o portfólio de medicamentos da companhia para o tratamento da doença”, acrescentou.
Novo Nordisk
A empresa dinamarquesa Novo Nordisk, fabricante dos medicamentos Novolin ® (insulina regular) e Novolin N (insulina NPH, de ação prolongada) emitiu comunicado sobre a falta do produto. A empresa afirma que a cadeia de suprimentos do medicamento está com o abastecimento de insulinas afetado em todo o mundo e faz a seguinte recomendação:
“Durante o período de escassez deste medicamento, os pacientes afetados poderão buscar alternativas terapêuticas, de acordo com orientação médica. O fabricante ainda pede que sejam divulgados os seus canais de contato para os pacientes de diabetes, onde fornecerá orientações: “O SAC da Novo Nordisk fica disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, pelo telefone 0800 014 44 88 ou pelo e-mail sac.br@novonordisk.com.”.
Nota conjunta
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) emitiram nota conjunta onde destacam a preocupação com a indisponibilidade no fornecimento, via farmácia popular e redes de farmácias, dos medicamentos Novolin R (insulina regular) e Novolin N (insulina NPH, de ação prolongada), ambos com apresentação em frasco de 10ml, com previsão de perdurar até o final deste ano.
“A SBD e a SBEM vêm participando de reuniões com os órgãos e entidades envolvidos neste processo, pois a insulina é um medicamento vital, que necessita ser administrado diariamente por milhares de pessoas, para manter a vida e a saúde. Mesmo com o incremento da produção destas insulinas, o laboratório Novo Nordisk informa que não será possível manter a disponibilidade habitual, devido ao aumento na demanda e à redução de outros fornecedores no mercado mundial”, diz a nota;
As duas entidades ressaltam que o fornecimento de canetas de insulina NPH e Regular distribuídas pelas unidades do Sistema Único de Saúde não será afetado. “Os pacientes que fazem uso destas medicações devem ser orientados a buscar as farmácias do SUS, para a retirada das insulinas. Caso seja necessária a substituição das insulinas humanas por análogos de insulina, será indispensável a orientação médica para o ajuste das doses, do horário e da frequência da administração”, afirma na nota conjunta.