Uma pesquisa realizada pelo Instituto DataSenado revela que 57% dos eleitores brasileiros não se identificam com os rótulos de direita ou esquerda, a poucos dias das eleições municipais de 2024. O levantamento ainda aponta que 29% dos entrevistados se consideram de direita, enquanto 15% se posicionam à esquerda.
Apesar da aparente neutralidade da maioria, o cientista político Eduardo Grin avalia que a polarização política no país continua a crescer, trazendo consequências como o aumento de episódios de violência, tanto nas redes sociais quanto em situações físicas. “O processo de polarização política segue intenso, mesmo que não envolva toda a sociedade”, comenta Grin.
Foco na gestão e nas soluções
Com grande parte dos municípios brasileiros apresentando apenas dois candidatos à prefeitura, Grin acredita que a polarização nas eleições locais tende a ser menos acentuada. Ele sugere que os eleitores devem priorizar a capacidade administrativa dos candidatos. “Nas eleições municipais, o importante é eleger um prefeito que inspire confiança e seja capaz de prestar bons serviços”, afirma o cientista político.
Essa visão é compartilhada por Leandro Gabiati, também cientista político, que destaca que, em disputas municipais, eleitores muitas vezes escolhem seus candidatos com base na qualidade de gestão, independentemente da orientação política. “O desempenho administrativo tem um peso significativo na decisão do eleitor, que pode apoiar um candidato de ideologia oposta, caso este tenha feito uma boa gestão”, observa Gabiati.
Cidades maiores apresentam mais polarização
Nas grandes cidades, Grin aponta que a polarização tende a ser mais acentuada, com eleitores escolhendo seus candidatos com base na orientação partidária. Ele projeta que essa tendência será ainda mais evidente nas eleições presidenciais de 2026, quando as divisões ideológicas serão mais marcantes.
Perfis dos eleitores
O estudo também revelou que, entre os eleitores com maior renda, há uma tendência a se posicionarem como centristas. Entre os que se declararam neutros em relação ao viés político, 45% possuem ensino fundamental incompleto. Além disso, eleitores evangélicos tendem a ser mais de direita (35%), enquanto 28% dos católicos também se identificam com essa orientação. A pesquisa ainda aponta que 34% dos homens se declararam de direita, contra 24% das mulheres.
A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 28 de junho de 2024, com a participação de 21.808 brasileiros de todas as regiões do país. O estudo tem um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 1,22 ponto percentual.