EcoRodovias arremata Nova Raposo por R$ 2,19 bi em leilão sob protesto de moradores

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A EcoRodovias arrematou a Nova Raposo depois de oferecer um lance de R$ 2,19 bilhões. A concessão inclui trechos de rodovias sob administração da CCR ViaOeste, cujo contrato está perto do fim, e estradas que hoje pertencem ao DER (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo). A outorga mínima fixada pelo governo era de R$ 4,6 milhões.

No total, o projeto prevê investimentos de R$ 8 bilhões em obras ao longo da concessão. A concessionária ficará responsável por 92 km de rodovias durante 30 anos, prazo definido no contrato.

A empresa bateu a proposta de outras concorrentes. A EPR havia oferecido R$ 1,17 bilhão de outorga pelo lote, e a CCR, R$ 1,04 bilhão. O menor lance foi da Via Appia, que propôs R$ 477,48 milhões. Não houve disputa no viva-voz (quando os proponentes vão aumentando suas propostas, até chegarem ao valor final).

O leilão aconteceu em meio a protestos de moradores, que se reuniram em um dos acessos à B3 (a Bolsa de Valores) durante o certame, na tarde desta quinta-feira (28). Eles já haviam feito outro protesto, mais tímido, em outubro, no leilão da Rota Sorocabana. Os moradores são contrários às mudanças previstas no projeto. A Nova Raposo terá pistas marginais que passarão por zonas residenciais.

O projeto inclui trechos de três rodovias: a Castello Branco (SP-280), a Raposo Tavares (SP-270) e a SP-029. Também abrange o trecho municipal entre Cotia e Embu das Artes, paralelo ao Rodoanel Oeste.

A empresa ganhadora será responsável por implementar duplicações, faixas adicionais, novas passarelas e pontos de ônibus.

Segundo a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos), o projeto prevê, após as obras, 13 pedágios implantados, no total, no modelo free flow. Cinco pórticos estarão localizados na Raposo Tavares, cinco na Catello Branco e três na SP-029. O número inclui praças de pedágio existentes hoje na Castello Branco (Osasco, Barueri e Itapevi), que serão desmanteladas para virar pórticos free flow no terceiro ano de contrato.

Na Raposo Tavares, a tarifa de pedágio entre Cotia e a capital será cobrada, somente, para motoristas que circularem pela via expressa.

Por englobar trechos de estradas mais próximos à capital, onde há maior densidade urbana, o projeto prevê desapropriações e desocupações ao longo da rodovia. Para tornar a concessão mais atrativa à iniciativa privada, o Governo de São Paulo decidiu compartilhar riscos relacionados a essas intervenções.

A concessionária ficará responsável por arcar com até pouco mais de R$ 838,9 milhões para as desapropriações. Caso esse valor seja excedido em mais de 10%, o montante gasto a mais será repartido entre o Governo de São Paulo e a empresa, segundo a SPI. A fatia de participação do estado dependerá do tamanho da despesa excedente.

A secretaria afirma que, caso seja necessário compartilhamento dos valores com o estado, os recursos serão provenientes da outorga fixa arrecadada no leilão.

Segundo Angélica Petian, especialista em infraestrutura e sócia do escritório Vernalha Pereira, o leilão desta quinta, com quatro concorrentes, mostrou um bom nível de competição.

“Mesmo com desafios tão significativos, como os de natureza ambiental, o leilão foi de interesse de grandes players do setor, alcançando receita muito maior do que a esperada pelo governo e ajudando a consolidar o setor rodoviário como um dos que mais tem captado investimentos em infraestrutura”, afirma.

A primeira parte das rodovias que hoje fazem parte da carteira de ativos da CCR ViaOeste foi leiloada em outubro. Batizado de Rota Sorocabana, o lote foi arrematado pela própria CCR por R$ 1,601 bilhão. A companhia cobriu as propostas das outras três concorrentes: EcoRodovias, Pátria Investimentos e EPR.

Compartilhe: