SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Corregedoria da Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, cumprem mandados de busca e apreensão contra um delegado, em desdobramento da investigação que apura corrupção policial citada por Antônio Vinicius Gritzbach, conhecido como delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), assassinado no aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em 8 de novembro de 2024.
“Apurou-se que um policial preso em dezembro fazia pagamentos periódicos ao delegado. De acordo com os investigadores, o dinheiro usado para fazer os pagamentos era decorrente de arrecadação de valores obtidos por atos de corrupção policial em favor de organização criminosa”, afirmou o Gaeco.
A reportagem apurou que o delegado alvo dos mandados é Alberto Pereira Matheus Junior. O policial civil preso em dezembro é Eduardo Lopes Monteiro. Ele é suspeito de extorquir dinheiro de Gritzbach.
A reportagem não conseguiu contato com o delegado ou sua defesa até a publicação deste texto. A Secretaria da Segurança Pública também foi questionada acerca da operação, mas não se manifestou.
O investigador Eduardo Lopes Monteiro, preso na operação Tacitus, movimentou cerca de R$ 12 milhões, e o agente Rogério de Almeida Felício, movimentou cerca de R$ 13 milhões, conforme o levantamento da Folha. A maior parte do patrimônio envolve compra e venda de imóveis.
Em acordo de delação premiada com o Ministério Público, Gritzbach apontou uma série de policiais supostamente envolvidos em esquema de corrupção, entre eles Monteiro e Felício, além do delegado Fábio Baena, chefe de ambos durante passagem deles pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Procuradas, as defesas dos policiais afirmaram que as movimentações ocorrem dentro da lei e que ambos foram investigados pela Promotoria no passado, sem que tenham sido achadas irregularidades. Também negaram ligação com o crime organizado.
Baena e sua equipe foram os responsáveis pela investigação do assassinato em 2021 de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, chefe do PCC. Gritzbach era o principal suspeito de ser o mandante do crime. Os policiais teriam exigido dinheiro para livrá-lo das acusações, segundo a versão apresentada pelo delator.