RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um dos endereços culturais mais emblemáticos do Rio de Janeiro será a sede da cúpula do G20, agendada para a próxima semana, nos dias 18 e 19 de novembro. Trata-se do MAM Rio (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro).
Para receber os chefes de Estado do G20, o bloco das principais economias do mundo, o museu passou por obras de revitalização custeadas pela prefeitura carioca. O investimento foi de R$ 32 milhões, segundo a administração municipal.
A revitalização foi entregue no dia 30 de outubro, após cerca de seis meses de trabalhos. Houve reformas tanto em espaços internos quanto no entorno do endereço, que fica no parque do Flamengo.
Para a diretora-executiva do MAM Rio, Yole Mendonça, a cúpula do G20 resgata a tradição do espaço cultural de receber eventos internacionais.
Ela lembra que o museu já foi palco de programações como a 22ª reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), em 1967, e a Cimeira da América, conhecida como Rio 99, que reuniu lideranças de América Latina, Caribe e Europa em 1999.
“O G20 é muito importante porque resgata essa tradição e possibilita ao MAM ser de novo um espaço que vai repercutir mundialmente. O museu traduz muito do que é a riqueza do nosso país”, afirma a diretora-executiva.
“É um lugar muito bonito que tem vista para pontos icônicos do Rio, como o Pão de Açúcar, o Corcovado e a baía de Guanabara, além de estar perto dos aeroportos e do centro da cidade”, acrescenta.
O acervo local é composto por cerca de 16 mil obras. O foco da coleção está na arte brasileira e na fotografia.
A reabertura do espaço para o público está prevista para depois do G20. A perspectiva é de que isso ocorra já no início de dezembro, segundo Mendonça.
A reforma do museu incluiu a restauração de fachadas, além da revitalização dos jardins projetados pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994).
O pacote ainda envolveu melhorias em sistemas de iluminação e elevadores, instalação de câmeras e criação de um passeio público, entre outras medidas. Conforme a prefeitura, as obras abrangeram cerca de 100 mil metros quadrados.
A escolha do local como sede da cúpula deste mês é racional do ponto de vista de política pública, afirma Lucas Padilha, presidente do comitê Rio G20, órgão municipal que apoia o governo federal na organização do evento.
Padilha destaca que o MAM Rio é um equipamento cultural de relevância para o país e está localizado próximo ao centro da capital fluminense a prefeitura busca a reocupação dessa região.
“O MAM é muito importante para a cidade porque é o ícone de arte moderna que nós temos [no Rio]”, diz Padilha, comparando o potencial do espaço com a influência do Masp na capital paulista.
“A gente sabe da importância do Masp para a identidade de São Paulo como ícone, como ponto turístico, como cartão-postal. O MAM, agora com boulevard, com jardins refeitos, ganha nova vida”, acrescenta.
O museu carioca é uma instituição constituída como sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, apoiada por pessoas físicas e empresas.
“A prefeitura está muito disposta a ajudar a gestão do museu”, afirma Padilha.
Localizado às margens da baía de Guanabara, o MAM Rio é vizinho do aeroporto Santos Dumont, que terá operações interrompidas nos dias 18 e 19 deste mês devido ao G20.
Os voos ficarão concentrados no maior terminal carioca, o Galeão, na zona norte. Cerca de 20 quilômetros separam o aeroporto do MAM Rio.
O museu foi fundado em 1948, voltado a atividades de educação e exposições de arte. O início da trajetória, porém, não ocorreu no endereço atual.
A exposição inaugural foi na sede do antigo banco Boavista, onde a instituição se instalou provisoriamente. Depois, em 1952, o espaço se mudou para outro prédio icônico do Rio, o Palácio Capanema.
A migração para o endereço atual ocorreu somente em 1958. O projeto da sede definitiva foi concebido pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964).
O chamado bloco escola foi o primeiro a ficar pronto. Esse local serviu como espaço misto de educação e mostras de arte até 1967, quando o bloco de exposições foi finalizado.
Reidy desenhou um prédio horizontal, mas não chegou a ver a construção acabada. A obra é reconhecida como um marco da arquitetura moderna.
Em 1978, um incêndio destruiu grande parte da coleção do museu.
MAM Rio
Ano de fundação do museu: 1948
Ano da inauguração parcial do atual endereço: 1958
Área atual: 40 mil metros quadrados de área construída e 4.670 metros quadrados de espaços expositivos
Tamanho do acervo: cerca de 16 mil peças, com foco na arte brasileira e em fotografia. Entre os artistas do país com trabalhos no local, estão Amílcar de Castro, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Candido Portinari e Tarsila do Amaral