Comissão de Meio Ambiente debate qualidade do ar e emissão de pó preto

Reprodução/Câmara Municipal de Vitória

A Comissão de Meio Ambiente e Bem Estar animal da Câmara de Vereadores de Vitória debateu a qualidade do ar e a dispersão do pó preto na cidade de Vitória. A Câmara Municipal aprovou recentemente o Projeto de Lei 54/2023, que estabeleceu a Política, Normas e Diretrizes de Proteção da Qualidade do Ar Atmosférico e que aguarda a sanção do Executivo.

Foram convidados para a mesa de debates: Romildo Fracalossi, gerente técnico Especialista em Meio Ambiente da Vale e Daniele Yukiko, gerente de meio ambiente da Vale; Jennifer Coronel, Gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da ArcelorMittal, Lucas de Jesus, representando a empresa Juntos SOS ES Ambiental e Ernesto Rocha e Vanessa Stein, representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O gerente técnico Especialista em Meio Ambiente da Vale, Romildo Fracalossi, apresentou as inovações tecnológicas da empresa para reduzir as emissões. Dentre as tecnologias aplicadas estão: enclausuramento das transportadoras de correia, supressores de pó, canhões de névoa, fechamento de áreas e barreiras de vento (wind fence).

“As soluções se complementam para aumentar a eficiência de controle. Por exemplo, nos pátios de estocagem temos; pavimentação de áreas, lavadores de rodas, canhões de névoa e novas wind fences. Enfim, uma série de controles que atuam para minimizar a emissão de poeira”, afirmou.

“Estamos totalizando 16 km de perímetro de wind fences implantadas”, disse Fracalossi.

Em relação à redução de emissões, o gerente afirmou que as emissões em 2010 eram de 297 kg/h e que em 2023 foram reduzidas para 37 kg/h e a meta é chegar a 21 kg/h em 2024, quando as ações previstas no Termo estiverem implantadas.

Jennifer Coronel, Gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da ArcelorMittal afirmou que a empresa investiu R$1,9 bilhão em equipamentos de controle ambiental na implementação do Termo de Compromisso Ambiental. Dos projetos previstos, 97% estarão concluídos esse ano. “Restam quatro metas, de maior complexidade, com conclusão prevista para dezembro de 2024”, disse a gerente.

Dentre os equipamentos, Jennifer Coronel listou: as wind fences com nove quilômetros de extensão, polímeros, umectação das vias, umectação das pilhas, cobertura de correias etc.

Ela esclareceu que os diferentes controles atmosféricos se complementam para maximizar as atividades sobre as emissões.

“Outra tecnologia implementada foram as coberturas infláveis temporárias. Quando tem material a gente infla e quando não tem, a gente retira. São quase 6 mil metros² de área coberta”, detalhou.

Por outro lado, o representante da ONG SOS Ambiental, Lucas de Jesus apresentou os dados colhidos pela rede de monitoramento da qualidade do ar do Estado, que revelaram um aumento nas emissões.

Conforme planilha apresentada pela ONG, na unidade instalada na Ilha do boi, em outubro/2022 foi registrado 1,1 grama/m² de poeira sedimentada e 10,1grama/m² de poeira sedimentada em outubro /2023; o que representa um aumento de 918%.

Na estação instalada na Enseada do Suá foi registrado 1,6 grama/m² de poeira sedimentada em out/22 e 10,2 grama/m² de poeira sedimentada em outubro /2023. Isso representa um aumento de 637,5%.

“Vejam como aumentou o pó preto em Vitória. O que aconteceu para ter aumentado tanto? Não aconteceu nada de diferente!”, constatou Lucas de Jesus.

“Por meio desse monitoramento oficial está sendo apresentado que esses controles ambientais funcionam em condições ótimas, mas basta um vento para que esse controle fique nulo”, acredita.

“A poluição agora está pior do que antes da assinatura dos Termos de Compromisso Ambientais (TCAs)”, afirmou.

Ele destacou o trabalho da Câmara de Vitória ao aprovar o Projeto de lei 54/2023 e cobrou que ele seja sancionado. “Esse projeto foi aprovado pelas entidades IFES, Findes, Seama dentre outras”, lembrou.

O vereador Anderson Goggi disse que os vereadores viram diversas irregularidades durante a visita técnica à àrea de Tubarão que, segundo ele, não serão sanadas pelo TAC.

“As wind fences vão minimizar o problema, mas não vão resolvê-lo. O pó preto vai continuar caindo na água, como detectamos lá. Vamos ficar refém do vento? Vocês (empresa) já têm a saída, que é o enclausuramento. Têm que implantar os domos”, defendeu.

Para o vereador Chico Hosken, o combate à emissão do pó preto é prioridade do seu mandato. “Temos a esperança de que temos ações e metas para superar esse problema que afeta toda a cidade. E a Câmara é importante nessa fiscalização. Temos que apoiar esse Projeto de Lei. Acreditamos que é a solução, e que todos temos que estar empenhados nela”, ressaltou.

O vereador André Moreira lembrou que o Projeto de lei aprovado teve uma discussão técnica e política e que a legislação é moderna e necessária. “Só não queremos que a poluição em Vitória ultrapasse esse padrão que vivemos nos últimos 36 meses e que havia sido determinado pelo Iema”, esclareceu.

O vereador Goggi sugeriu que se contratasse um instituto para que se aprofunde nos estudos sobre a natureza das emissões. “Infelizmente não podemos cobrar de uma instituição (específica), porque quando o órgão faz as medições num local, pode ser absorvido um material de fontes diversas como da construção civil, da Vale, da Arcelor ou de outras fontes. Então precisamos de ter um instituto que faça esse estudo”, solicitou. Ele vai encaminhar a ideia para ser analisada pela presidência.

Estiveram presentes os vereadores: Luiz Paulo Amorim, Karla Coser, Chico Hosken, Anderson Goggi e André Moreira.

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