SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado estadual e candidato à Prefeitura de Campinas Rafa Zimbaldi (Cidadania) buscou se vincular, em sabatina Folha/UOL, ao governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, nas eleições deste ano e afirmou que tem “o apoio” dele. Porém o governador é do mesmo partido de Dário Saadi, atual prefeito e candidato à reeleição, para quem já pediu votos.
“Eu tenho o apoio do governador Tarcísio, aliás como deputado estadual eu sou da base aliada do governador. Eu tive todo o apoio em tudo aquilo que pedimos para a cidade em termos de emendas parlamentares. Logicamente que ele tem essa questão partidária com o atual prefeito, mas não é algo que me atinge”, disse Zimbaldi na entrevista exibida nesta quarta-feira (11).
Zimbaldi também afirmou que espera uma boa relação com o governo federal. Em 2022, o deputado estadual contrariou o próprio partido e declarou voto em Jair Bolsonaro (PL) para presidente.
“Tenho certeza que o presidente Lula [PT] não vai deixar de atender a nossa cidade. A nossa construção não é com figurões políticos, mas sim uma relação de parcerias, de relação política, do diálogo. Nós vamos buscar recursos dos governos estadual e federal, porque Campinas está muito acima de qualquer ideologia de esquerda ou direita.”
O candidato integrava o PL até 2022, pouco depois de o ex-presidente Bolsonaro entrar no partido. Ele diz que a saída da legenda não teve relação com Bolsonaro. “Na verdade, eu saí do PL porque fui convidado pelo ex-governador Rodrigo Garcia [PSDB] a ingressar na federação [PSDB-Cidadania] para que nós pudéssemos coordenar o partido, e o Cidadania estava naquele momento precisando de lideranças na região de Campinas.”
Zimbaldi criticou o prefeito Dário Saadi durante a sabatina em relação a “Operação Retorno”, em que a prefeitura leva moradores de rua de Campinas às suas cidades de origem. “O atual prefeito lançou no desespero o tal do projeto retorno. Isso é totalmente desumano, estamos tratando de uma vida, de um ser humano. Se essas pessoas chegaram aqui de forma ilegal, através de outra prefeitura, também é culpa do próprio prefeito que não fez a fiscalização”, disse.
Ele fala em uma abordagem multidisciplinar que envolva as secretarias de Assistência Social, Saúde, Educação e Trabalho e Renda, além de comunidades terapêuticas e entidades civis e religiosas para cadastrar e oferecer educação e qualificação profissional a moradores de rua.
Na segurança, o candidato traz a proposta de triplicar o efetivo da GCM (Guarda Civil Municipal). Pablo Marçal (PRTB), candidato na capital paulista, apresentou a mesma proposta em seu plano de governo, mas desistiu de implantá-la em entrevista no dia 10 de setembro.
“Vamos ampliar a GCM de 800 para 2500 [agentes]. A GCM tem um papel significativo como força de segurança pública. Nós vamos aplicar a atividade delegada, ou seja, vamos contratar, como prefeitura, o ‘bico’ dos policiais militares e civis, bombeiros e guardas civis.”
Sobre a desigualdade no município, Zimbaldi fala em unir duas realidades distintas em Campinas. “Temos um muro invisível na cidade, que é a rodovia Anhanguera. Um lado é mais pobre e recebe menos apoio da prefeitura e o outro é mais rico, recebe mais investimentos. Nós temos uma missão que é derrubar esse muro invisível e fazer com que Campinas seja uma só.”
Apesar de ser aliado de Tarcísio no plano estadual, o candidato rejeita a implantação de escolas cívico-militares na cidade. “Eu não votei pela escola cívico-militar [na Assembleia], eu me abstive. Não sou favorável na totalidade, mas também não sou totalmente contra. Acho que a gente precisa tirar esse viés ideológico da escola cívico-militar.”
Na saúde, o deputado propõe a criação de um “poupatempo” da saúde na cidade, proposta também defendida por candidatos em Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo. “Teremos dois poupatempos, um na região do Ouro Verde e Campo Grande, que são as mais populosas e um na região central.”
Zimbaldi é empresário e já foi vereador na cidade por quatro mandatos, de 2005 a 2019. Foi eleito deputado estadual nas eleições de 2018 e reeleito em 2022. Nas eleições municipais de 2020, avançou ao segundo turno, sendo derrotado pelo atual prefeito.
A sabatina foi conduzida por Priscila Camazano, com participação dos repórteres Gustavo Freitas, do UOL, e Marcelo Toledo, da Folha.
Outros dois postulantes foram convidados. Na segunda-feira (9), foi transmitida a sabatina de Pedro Tourinho (PT). A entrevista de Dário Saadi foi exibida na terça-feira (10).
O ciclo de sabatinas promovido por Folha e UOL foi iniciado em 10 de junho com entrevistas com pré-candidatos em Belo Horizonte e está sendo realizado, ao todo, em 18 cidades.
Além disso, Folha e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.