Campanha quer Datena nas ruas e combate a Marçal na reta final

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em situação adversa na corrida à Prefeitura de São Paulo, a campanha do apresentador José Luiz Datena (PSDB) tenta convencê-lo a esticar suas caminhadas pelas ruas.

O desafio, porém, não é dos mais simples: o jornalista é imprevisível diante das sugestões.

Nos breves momentos com fãs e curiosos até aqui, o apresentador de televisão vem reagindo com solicitude aos pedidos do público que vão desde selfie até gravação de vídeos para divulgar o comércio do bairro.

A reação calorosa tem sido uma válvula de escape para o tucano, distante dos líderes na última pesquisa Datafolha.

Com a fama construída na televisão, Datena é numericamente o candidato mais conhecido entre todos, com 97% dos entrevistados respondendo que sabem quem ele é.

Na sequência aparecem o prefeito Ricardo Nunes (93%), o deputado Guilherme Boulos (87%), o autodenominado ex-coach Pablo Marçal (82%) e a deputada Tabata Amaral (74%).

Por outro lado, o apresentador contabiliza somente 6% das intenções de votos e amarga uma rejeição de 36%, segundo o Datafolha.

“As pesquisas não chegam em alguns pontos da cidade. Quando vou na periferia, eu não consigo dar um passo”, diz Datena.

“As pessoas vêm me abraçar, me beijar e dizer que me assistem, demonstrando uma coisa que não aparece no papel das pesquisas. Vamos ver a voz do povo nas urnas”, prossegue.

Desde o início da corrida eleitoral, Datena tem manifestado o seu incômodo com a série de compromissos da campanha e já ironizou as cobranças por sua aversão às caminhadas.

“Eu não sou obrigado a andar todo o dia. Um dia que eu não ando, já tem gente me cobrando. Eu não sou Moisés para ficar andando todo dia”, afirmou Datena no último dia 6.

Em 44 dias de campanha (entre 16 de agosto e 28 de setembro), o tucano fez pelo menos 23 visitas a bairros como Capão Redondo, Lapa, Pinheiros, Ipiranga, Piraporinha, São Mateus e Vila Nova Cachoeirinha, dentre outros.

Em algumas dessas caminhadas, Datena aproveitou compromissos já agendados, como a entrevista para um programa de rádio na Vila Mariana. Ao sair do estúdio, ele caminhou por poucos metros enquanto permitia ser filmado e atendeu os jornalistas na quadra ao lado da emissora. A visita ao bairro não demorou mais que dez minutos.

No dia em que foi até o prédio da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, na avenida Ipiranga, Datena percorreu só metade de um quarteirão para que os jornalistas registrassem imagens do evento.

Além de intensificar as incursões pela cidade, a campanha planeja evocar, sobretudo nas redes sociais, a imagem de um candidato combativo e preocupado com o avanço de Marçal, candidato mais rejeitado segundo as pesquisas.

Datena, reiteradamente, associa o candidato do PRTB a uma ameaça à democracia e ao crime virtual. Marçal foi condenado após atuar em uma quadrilha de fraude bancária.

Nesta narrativa, a campanha já fez uso do episódio no qual o apresentador jogou uma cadeira em Marçal na propaganda eleitoral. E agora tenta dimensioná-la com o soco de Nahuel Medina, assessor de Marçal, em Duda Lima, marqueteiro de Nunes.

No debate de sábado (28) na Record, porém, chegou a haver uma dobradinha entre o autodenominado ex-coach e Datena para atacar Nunes. Marçal escolheu o apresentador para perguntar qual foi o pior prefeito da cidade e ouviu como resposta que a lista era longa.

Com pequeno espaço no horário eleitoral, a campanha de Datena injetou R$ 500 mil, dos R$ 3,7 milhões de recursos recebidos, com impulsionamentos nas redes sociais, conforme valores divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até quinta-feira (26).

A quantia é pouco superior à do próprio Marçal (R$ 442 mil), mas está bem abaixo dos líderes Nunes (R$ 4,5 milhões) e Boulos (R$ 2,4 milhões).

“O nosso fundo eleitoral é de R$ 8 milhões, e tem gente que está gastando R$ 70 milhões, R$ 40 milhões para fazer campanha. Mesmo dentro dessa perspectiva, a nossa campanha tem chamado atenção”, afirma Datena.

Por último, a esperança entre os seus assessores é que Datena consiga se sobressair no debate da TV Globo, o último antes do pleito no domingo (6).

Comunicador há quase 30 anos, Datena fracassou em sua estreia no debate da Band e se embaralhou com as regras, ao ponto de pedir desculpas à executiva nacional do PSDB e classificar a sua atuação “como um gol contra”.

A equipe, porém, avalia que, desde o debate da TV Cultura, Datena conseguiu transmitir suas propostas e ideias com mais clareza.

Na Globo, o candidato deverá usar o seu espaço para reforçar o discurso de combate à violência e detalhar as propostas ao público mais pobre da capital. Entre as promessas, estão a garantia de tarifa zero nos ônibus para quem está inscrito no Bolsa Família e a ampliação de duas horas nos expedientes das creches e UBS (Unidade Básica de Saúde).

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