O café, um dos produtos mais consumidos no Brasil e no mundo, segue em alta nos mercados nacional e internacional, com preços que bateram recordes históricos em 2024 e tendem a subir ainda mais em 2025. A combinação de fatores como clima desfavorável, estoques reduzidos e demanda global aquecida tem pressionado as cotações, impactando diretamente o bolso dos consumidores.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o preço do produto deve subir entre 20% e 25% nos próximos meses, mantendo a tendência de alta que já pesou significativamente na inflação da cesta básica em 2024. O cenário é confirmado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), que aponta para um ano desafiador tanto para a cafeicultura brasileira quanto para a mundial.
Demanda global e estoques apertados impulsionam preços
O economista Cesar Bergo, especialista em commodities, explica que a produção mundial de café foi severamente afetada por questões climáticas, especialmente na Ásia e na América do Sul. “Isso fez com que o preço do café dobrasse no mercado internacional em 2024”, afirma. Além disso, os estoques globais estão em níveis críticos, enquanto a demanda por grãos de alta qualidade continua elevada.
O Brasil, maior produtor mundial de café, também sente os efeitos desse cenário. Apesar da grande produção, o consumo interno elevado reduz a quantidade disponível para exportação, o que contribui para a alta dos preços no mercado doméstico. Bergo ressalta que, no curto prazo, os produtores tendem a segurar os estoques, o que pode pressionar ainda mais as cotações.
Cotações batem recordes históricos
Dados do Cepea mostram que o café arábica atingiu o maior patamar da série histórica desde 1997. Em janeiro de 2024, a saca de 60 quilos do grão foi cotada a R$ 2.666, um valor sem precedentes. Apenas nos primeiros dias de fevereiro, o produto já acumulava alta de 6,30%, refletindo a volatilidade do mercado.
Apesar do cenário desafiador, há expectativa de alívio no segundo semestre de 2024, com a previsão de melhora nas condições climáticas. “Com a normalização do clima, a tendência é que os preços voltem a se equilibrar”, avalia Bergo. No entanto, até lá, os consumidores devem se preparar para pagar mais pelo café.
Impacto no bolso do consumidor
O aumento nos preços do café tem impacto direto na inflação, especialmente no custo da cesta básica. O ministro da Economia, em recente entrevista, destacou que as políticas adotadas para ajustar o valor do dólar também terão reflexo nos preços nos próximos meses. “A política que estamos adotando para trazer esse dólar em um patamar mais adequado também vai ter reflexo nos preços nas próximas semanas”, afirmou.
Para os brasileiros, que têm o café como um item essencial no dia a dia, a alta nos preços representa um desafio adicional em um momento de ajustes econômicos. Enquanto isso, produtores e exportadores buscam estratégias para lidar com a volatilidade do mercado e garantir a sustentabilidade do setor.