Brasil não vai abrir mão de buscar novas reservas de petróleo, diz ministro

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira (23) que o Brasil não vai abrir mão de abrir novas fronteiras petrolíferas, como as da margem equatorial, hoje alvo de embate entre as áreas energética e ambiental do governo.

“Não podemos e não vamos abrir mão de conhecer o verdadeiro potencial petrolífero do país”, afirmou em discurso na cerimônia de abertura do maior evento brasileiro do setor, a ROG.e, no Rio de Janeiro. “Enquanto houver demanda pelo gás e pelo petróleo, o Brasil seguirá nesse mercado.”

O governo brasileiro vem sendo questionado por organizações ambientalistas por pressionar por aumento da produção de petróleo ao mesmo tempo em que tenta se posicionar como líder na transição para energias renováveis.

Silveira defendeu que o país já tem uma matriz energética limpa e que precisa aproveitar a “pluralidade” de fontes de energia que dispõe, sem se curvar a “extremismos” internacionais.”

A questão do petróleo não é uma questão de oferta, é uma questão de demanda global. E nós não deixaremos de ser exportadores para sermos importadores. Isso não seria justo com brasileiras e brasileiros”, defendeu.

Em entrevista após o discurso, Silveira afirmou ter “absoluta convicção” de que o governo vai autorizar a exploração da margem equatorial, conjunto de bacias petrolíferas que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá.

O primeiro pedido de licença ambiental para a atividade foi negado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), abrindo um embate entre as áreas energética e ambiental do governo. A Petrobras recorre e discute condicionantes com o órgão ambiental.

Em seu discurso na abertura, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, também defendeu a exploração de petróleo na margem equatorial brasileira como uma necessidade para repor as reservas brasileiras do combustível, apesar de pressões pela redução do consumo global.

“Não temos nenhum receio de dizer que vamos seguir em frente explorando e produzindo petróleo e reduzindo nossa pegada de carbono”, afirmou.

Magda repetiu que a Petrobras precisa renovar suas reservas de petróleo, já que o pré-sal deve começar a declinar no princípio da próxima década. Defendeu que o petróleo brasileiro emite um terço da média mundial e, por isso, ajuda a descarbonizar a economia.

“São sérias nossas necessidades de reposição de reservas”, afirmou a executiva, completando que a empresa continua trabalhando para conseguir licença para perfuração de poço na costa do Amapá, principal aposta da estatal neste momento.

Antes chamado Rio Oil and Gas, o evento iniciado no Rio de Janeiro nesta segunda foi rebatizado sem a palavra petróleo e com a inclusão do “e” em referência a outras energias, numa tentativa de adequação aos pleitos pela transição energética.

Na abertura, executivos do setor defenderam o petróleo como fundamental para garantir o suprimento de energia no mundo sem pressões inflacionárias.

“Temos uma jornada de compromisso com o hoje e principalmente com ao amanhã. Continuaremos fazendo o que sabemos fazer: prover energia segura, disponível e acessível para todos”, disse Roberto Ardenghy, presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), organizador do evento.

Silveira destacou que “o setor de óleo e gás no Brasil é fundamental para as contas públicas”. “Os projetos mais relevantes do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] são do setor de óleo e gás”, confirmou.

Ele afirmou que o Brasil continuará realizando leilões de áreas exploratórias em busca de novas fronteiras exploratórias. Edital para a próxima rodada de leilões deve ser lançado na virada do ano, segundo informou o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Rodolfo Saboia.

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