RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anuncia nesta sexta-feira (30) a assinatura de mais dois contratos de financiamento a projetos de energia solar, setor que vem tendo grande crescimento na carteira de clientes do banco.
O apoio a energias renováveis é apontado pelo governo como uma de suas prioridades, de olho em uma alavanca para a retomada da indústria no país.
A diretora de Transição Energética e Clima do BNDES, Luciana Costa, diz que o banco se prepara agora para uma “segunda transição energética”, um ciclo de investimentos em projetos de aproveitamento industrial das energias renováveis brasileiras.
Essa nova fase inclui, por exemplo, hidrogênio verde e seus derivados e combustível sustentável de aviação, conhecido pela sigla em inglês SAF. São os combustíveis que devem ajudar na descarbonização de setores de difícil abatimento de emissões, como siderurgia e transporte aéreo.
A atração de data centers, que são grandes consumidores de energia, é outra aposta. “Produzimos energia renovável a um custo muito competitivo”, diz a executiva. “Isso faz com o que o Brasil possa contribuir para a descarbonização do resto do mundo, atraindo indústrias intensivas em energia.”
Ela acredita que as primeiras decisões de investimento em hidrogênio verde comecem a ser anunciadas no segundo semestre de 2025. O produto, que depende de energia barata e disponibilidade de água, pode ser usado para produzir fertilizantes, combustíveis e como insumo na siderurgia, por exemplo.
Os financiamentos que o banco assina hoje somam R$ 1,1 bilhão para dois projetos de geração solar em Ilha Solteira (SP) e Mauriti (CE) controlados, respectivamente, pela EDP e pela Powerchina. Juntos, têm potencial instalada de 402 MW.
Em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, diz que os investimentos “reafirmam o papel do BNDES como maior financiador de energia renovável do mundo, segundo ranking da Bloomberg, e estão alinhados à estratégia do governo do presidente Lula de promover a transição energética no país”.
Desde o início do governo, o banco já aprovou R$ 4,1 bilhões em financiamentos para energia solar. Na história desse segmento, a cifra chega a R$ 11,8 bilhões.
O banco vê queda nos pedidos de financiamento para energia eólica, setor que passa por um momento delicado, com perda de competitividade para a solar, demissões e fechamento de fábricas de equipamentos. Costa diz que há no governo estudos para tentar reverter o cenário.
Com a produção de pás, o Brasil conseguiu nacionalizar significativamente os projetos de energia eólica, ao contrário do que ocorre na energia solar, em que a China é imbatível na produção dos painéis fotovoltaicos.