WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Em seu discurso de despedida à Assembleia-Geral da ONU, o presidente Joe Biden fez uma defesa de seu legado internacional e afirmou, sob aplausos, que há coisas mais importantes do que permanecer no poder.
Em uma abordagem inusual, o americano tratou no discurso da sua decisão de sair da disputa pela Casa Branca. “Eu queria fazer muito mais, mas por mais que eu ame meu trabalho, amo mais o meu país”, disse.
“Líderes, vamos esquecer que algumas coisas são mais importantes do que permanecer no poder. O mais importante é o seu povo. Nunca se esqueça que nós estamos aqui para o povo. Não o contrário.”
O tom da fala foi de balanço não apenas de seu mandato como presidente, mas desde seu início de sua carreira política. Biden relembrou, por exemplo, sua oposição ao apartheid na África do Sul quando era senador e a queda do muro de Berlim. O americano de 81 anos até brincou com a idade, dizendo que sabe que, apesar de ter vivido tudo isso, aparenta “ter só 40 anos”.
O americano discursou na manhã desta terça-feira (24), logo após o presidente Lula. Embora não seja mais o candidato democrata à Casa Branca, substituído na chapa por sua vice, Kamala Harris, a disputa contra Donald Trump esteve nas entrelinhas.
Biden defendeu que cooperação global é o melhor caminho, em vez de uma postura isolacionista.
A instabilidade global nos últimos anos vem sendo um dos alvos de ataque de Donald Trump, que concorre à Presidência neste ano. O republicano atribui os conflitos ao que vê como uma fraqueza de Biden, exemplificadas pela suspensão de sanções ao Irã e à Venezuela e pela saída desastrosa das tropas americanas do Afeganistão.
Em campanha, o empresário diz com frequência que resolvia problemas com outros países durante seu governo simplesmente ameaçando suspender o repasse de recursos americanos. Seu retorno à Casa Branca é visto com temor por aliados dos EUA, principalmente entre europeus, que contam com Washington para fazer frente à Rússia.
Biden contou a história de seu mandato como uma espécie de “os Estados Unidos voltaram” após os turbulentos anos Trump, apontando os resultados concretos que diz ter alcançado. O presidente destacou, por exemplo, seu papel na união do mundo em defesa da Ucrânia após a invasão pela Rússia, na negociação de um acordo de cessar-fogo para Gaza e na gestão da competição entre Washington e Pequim.
A mensagem foi de que esses desafios persistem, se somam a problemas como a crise climática e as implicações de novas novas tecnologias como a inteligência artificial, e só podem ser resolvidos por meio de cooperação.
Como fez no ano passado, Biden repetiu seu apoio a uma reforma de organismos multilaterais, como a própria ONU, e citou especificamente seu apoio a uma expansão do Conselho de Segurança.
Após o discurso, o presidente americano vai se reunir com o secretário-geral da organização, António Guterres. À tarde, ele promove um encontro da coalizão global sobre ameaças oferecidas por drogas sintéticas, uma iniciativa lançada em junho do ano passado que reúne hoje 158 países e 15 entidades internacionais.
No mesmo dia, o democrata participa de um evento em que fará um discurso sobre crise climática. Na quarta, ele tem um encontro bilateral com o presidente do Vietnã, To Lam, e participa de uma reunião sobre a reconstrução da Ucrânia. À noite, ele participa de uma recepção para líderes estrangeiros no Met, o Museu Metropolitano de Arte de Nova York.