Ato em memória de Rubens Paiva e vítimas do DOI-Codi: luta pelo tombamento do 1º BPE

Em homenagem a Rubens Paiva e outras 52 vítimas de desaparecimento forçado e morte no DOI-Codi do Rio de Janeiro, organizações como a Associação Brasileira de Imprensa, o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz convocam a sociedade para um ato público no sábado, 11 de janeiro, às 10h. O evento ocorrerá em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Praça Lamartine Babo, local que abriga o busto de Rubens Paiva, inaugurado em 2014 pelo Sindicato dos Engenheiros e pela Comissão Estadual da Verdade.

O ato, com apoio de entidades como Justiça Global e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia Núcleo RJ, contará com a participação de ex-presos políticos que sobreviveram ao principal centro de tortura e desaparecimento forçado do Rio durante a ditadura militar. O DOI-Codi operou entre 1970 e 1979 nas dependências do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, e é um símbolo da repressão política da ditadura de 1964. Durante esse período, centenas de militantes de esquerda foram sequestrados, torturados e mortos pelos agentes do regime.

O evento também tem como objetivo exigir o tombamento do quartel do Exército como um local de memória e resistência, similar ao Memorial da Resistência em São Paulo. A proposta de tombamento do prédio, que abriga o DOI-Codi, visa não apenas preservar a história, mas também convidar as Forças Armadas a refletirem sobre os crimes cometidos por seus agentes. A iniciativa busca impedir que o negacionismo e o apagamento da memória histórica prevaleçam.

O DOI-Codi do Rio de Janeiro foi responsável pela morte de ao menos 53 pessoas, das quais 33 continuam desaparecidas. Em todo o estado, a Comissão Estadual da Verdade listou 163 vítimas de repressão, incluindo assassinatos e desaparecimentos forçados. A repressão ocorria em diversos locais, incluindo delegacias de polícia e centros clandestinos, mas o DOI-Codi foi um dos mais notórios, funcionando como um centro de coordenação de ações ilegais.

Desde 2013, o Ministério Público Federal tem trabalhado para garantir o tombamento do prédio histórico do DOI-Codi, mas o acesso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) à área tem sido restrito pelo Exército. A luta pelo reconhecimento oficial deste espaço como Patrimônio Histórico Nacional continua, em busca de justiça e memória.

O ato público também conta com o depoimento da historiadora Deborah Neves, coordenadora do GT Memorial DOI-Codi, que compartilha sua visão sobre o processo de preservação da memória da ditadura.

Para mais informações, acesse o vídeo da historiadora Deborah Neves sobre a luta pela preservação da memória histórica no link: Veja o depoimento.

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