SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois quadros de girassóis do pintor Vincent van Gogh foram alvo de protesto em Londres nesta sexta-feira (27) na National Gallery. Três membros do grupo Just Stop Oil lançaram sopa nas pinturas, em reação à condenação a prisão de duas ativistas da entidade que fizeram o mesmo em 2022.
As ativistas climáticas que jogaram sopa na pintura “Girassóis”, de Van Gogh, no museu londrino dois anos atrás foram presas nesta sexta por danos criminais.
O novo protesto ocorreu cerca de uma hora depois de a sentença ser dada. Os dois quadros atingidos integram a série de girassóis do pintor neerlandês, feitos em 1888 e 1889 -o mais antigo foi o mesmo acertado por sopa na ação original.
As três pessoas foram presas, e as obras de arte não tiveram danos, segundo o museu.
Phoebe Plummer, 23, e Anna Holland, 22, atiraram o conteúdo de latas de sopa de tomate da marca Heinz na obra de arte em outubro de 2022, antes de se colarem na parede abaixo da pintura, pedindo o fim imediato de qualquer novo projeto de petróleo ou gás no Reino Unido.
Plummer foi sentenciada a dois anos de prisão pela acusação de dano criminal. Holland foi condenada a 20 meses de prisão.
A sopa causou danos de até 10 mil libras (cerca de R$ 73 mil) à moldura, disseram os promotores, embora a pintura -que estava atrás de um vidro de proteção- não tenha sido danificada e tenha voltado a ser exibida no mesmo dia.
As duas se declararam inocentes, mas foram condenadas após julgamento na Southwark Crown Court, em Londres.
O juiz Christopher Hehir disse que Plummer e Holland “chegaram ao ponto de danificar irreparavelmente ou até mesmo destruir” a pintura, que ele afirmou ser “provavelmente de valor inestimável em um sentido literal”.
“Vocês duas simplesmente não tinham o direito de fazer o que fizeram com ‘Girassóis’, e sua arrogância em pensar o contrário merece a mais forte condenação”, afirmou também o juiz.
Plummer disse que participou do protesto sabendo que poderia ser presa. “Escolhi interromper pacificamente um sistema de negócios que é injusto, desonesto e assassino”, afirmou, em relação a emissões de carbono que causam a crise climática, principal pauta do grupo ativista.
Plummer também disse que estava sendo transformada em uma prisioneira política, o que Hehir chamou de “ridículo, autoindulgente e ofensivo”.
“É ofensivo para as muitas pessoas em outras partes do mundo que sofrem perseguição, prisão e às vezes morte por suas crenças”, disse o juiz.
No novo protesto realizado nesta sexta, uma ativista do Just Stop Oil disse, após os quadros serem atingidos pela sopa, que “as gerações futuras considerarão esses presos políticos como estando do lado certo da história”.
Plummer, individualmente, foi sentenciada a outros três meses de prisão nesta sexta-feira pelo crime de interferir no uso de uma infraestrutura nacional de alta importância -um tipo de crime estabelecido recentemente na Inglaterra.
Também em reação às prisões, grupos ambientalistas realizam protestos nas ruas de Londres nesta sexta. A sentença ocorre em meio a uma repressão ampla de protestos climáticos no Reino Unido e em toda a Europa.
A ONG Greenpeace disse que é uma “pena desproporcional para uma manifestação que causou danos pequenos à moldura e não à pintura”.
Por manifestações nos últimos anos que interromperam eventos esportivos, apresentações teatrais e tráfego rodoviário, entre outros, os ativistas do Just Stop Oil passaram a ser alvo de condenações.
Cinco membros do grupo, incluindo o cofundador Roger Hallam, foram presos em julho. As penas variam de quatro a cinco anos, por terem bloqueado a rodovia M25 de Londres, resultando nas condenações mais longas já impostas por um protesto não violento na Grã-Bretanha.