SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A campanha militar de Israel contra seus adversários no Oriente Médio seguiu intensa nesta quinta (10), com ataques que deixaram dezenas de mortos em Gaza e Beirute. No sul do Líbano, um elemento novo foi inserido no conflito, com ações que atingiram as forças de paz na região.
Segundo a ONU, dois soldados ficaram feridos após um tanque Merkava-4 israelense disparar contra uma torre de observação do quartel-general da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano, na sigla inglesa), em Naqoura.
Além disso, foram relatados outros dois ataques na região, que deveria estar sob controle da Unifil desde 2000, quando Israel deixou 18 anos de ocupação. O Hezbollah, grupo extremista aliado em guerra com Israel, instalou-se na região, o que está no cerne do conflito atual.
Desde a segunda retrasada (30), Tel Aviv promove uma invasão da região, a primeira desde os combates da guerra de 2006 com o Hezbollah.
O motivo alegado é acabar com a ameaça ao norte do Estado judeu, que retirou 60 mil pessoas de suas casas desde que os libaneses acirraram o bombardeio na região em apoio aos terroristas do Hamas palestino, após o ataque deles a Israel há um ano. Só nesta quinta (10), foram mais de cem foguetes lançados.
O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, disse que havia alertado a Unifil a deixar as posições perto das áreas de combate e ir ao menos 3 km a norte. A força, basicamente desdentada por não poder entrar em combate, soma 10 mil soldados de 48 países.
Ela já esteve no centro das altercações entre Israel e o Hezbollah. Em 1996, Tel Aviv conduzia uma operação militar de grande porte contra o grupo, a Vinhas da Ira, quando por aparente acidente bombardeou uma base da Unifil, matando 101 refugiados libaneses ali abrigados.
O ultraje internacional acabou levando a crise a tornar-se ampla, e um cessar-fogo acabou costurado pelos Estados Unidos. Nada disso está à vista agora, com Israel movendo-se em múltiplas frentes e estudando as opções de retaliação contra o ataque com mísseis do Irã da semana passada.
Ainda no Líbano, Tel Aviv voltou a ataca Beirute, segundo a imprensa israelense atrás de Wafaq Safa, um dos chefes da ala política do Hezbollah que ainda não foi morto. O ataque em si deixou, segundo o Ministério da Saúde libanês, 22 dos 32 mortos contabilizados ao longo do dia por ações de Israel no país.
A cúpula do Hezbollah foi desmantelada, a começar pelo líder, Hassan Nasrallah, morto há duas semanas, seu herdeiro presumido e dezenas de outros comandantes.
Isso colocou o Irã, vendo seu principal preposto regional em apuros, na posição de mostrar força e lançar 200 mísseis contra Israel.
Não houve grandes estragos públicos, mas a retaliação agora está sendo medida com a pressão americana para que não seja enorme: alvos como o programa nuclear iraniano e a sua indústria petrolífera perturbam os EUA.
O ataque foi tema da conversa entre o presidente Joe Biden e o premiê Binyamin Netanyahu, na quarta (9), após sete semanas sem se falarem diretamente. A quebra de gelo foi forçada pelo israelense, que vetou a ida de seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, para debate a ação com os EUA –há ciúme político também, dado que são rivais.
Enquanto isso, na Faixa de Gaza, a fronteira original da guerra, um bombardeio israelense matou 28 pessoas abrigadas numa escola no centro da região, segundo o Crescente Vermelho palestino.
Israel disse que mirava uma célula do Hamas operando no local, que já não funcionava como escola havia meses, e que se havia civis lá eles estavam por conta e risco. Ao todo, os palestinos contam 42 mil mortos na guerra até aqui, dispara pela ação do Hamas que matou 1.200 só no 7 de outubro de 2023.
Na frente secundária do mar Vermelho, os houthis do Iêmen, aliados de Hamas e Hezbollah e igualmente bancados por Teerã, disseram ter atacado dois navios. Ao menos uma das ações resultou em danos a um petroleiro, segundo a empresa de segurança marítima Ambrey, do Reino Unido.