Apreensões de cigarros eletrônicos avançam no Brasil e já superam 2023 inteiro

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – As apreensões de cigarros eletrônicos feitas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no país em pouco menos de sete meses neste ano já ultrapassam o total apreendido em todo o ano passado, o que preocupa órgãos policiais e de combate ao mercado ilegal.

A soma de unidades apreendidas até esta quarta-feira (24) no país é de 493,2 mil, das quais 417,7 mil somente no Paraná, o que representa 84,7% do total. Em todo o ano passado, foram 230,1 mil unidades apreendidas no país, contra 51,2 mil no ano anterior.

O ritmo de crescimento é o que mais preocupa a repressão. Proibidos de serem comercializados no país por decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os cigarros eletrônicos estão cada vez mais presentes nas apreensões principalmente dos órgãos que atuam na fronteira paranaense do Brasil com o Paraguai.

Na noite de terça-feira (23) ocorreu a maior apreensão já feita pela PRF, segundo a corporação, numa operação também no Paraná.

Um motorista de 30 anos transportava a carga num caminhão que foi parado em Vitorino (a 450 km de Curitiba). Ele inicialmente afirmou que não havia carga, mas uma vistoria feita pelos policiais encontrou 129 mil unidades de cigarros eletrônicos.

O caminhoneiro foi preso em flagrante por contrabando e levado à unidade da PF (Polícia Federal) em Guarapuava. Ele disse, conforme a polícia, que pegou a carga em Céu Azul, próximo à região da fronteira, e que a levaria até Pato Branco, numa viagem de 246 km. Foi detido quando faltavam cerca de 20 km para chegar ao destino.

O Paraná responde pela maior parte das apreensões de cigarros eletrônicos no país justamente por sua posição geográfica, e acordo com Fernando César Oliveira, superintendente da PRF no Paraná.

Ele afirma que o crescimento das apreensões se deve à alta rentabilidade proporcionada por esse tipo de crime, combinada com a relativa facilidade para comprar os itens no Paraguai e os revender no Brasil.

“Há grupos criminosos muito bem organizados atuando nesse tipo de contrabando, que por vezes usam rotas alternativas para tentar fugir da fiscalização, além de monitorar a atuação dos órgãos policiais”, disse.

Embora o cigarro eletrônico seja proibido pela Anvisa, a facilidade de oferta é evidente no país, na avaliação de Edson Vismona, presidente do FNCP (Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade).

“Essa é a realidade, o Fórum vem acompanhando o mercado ilegal de todos os produtos há quase 20 anos, e agora temos essa questão que se coloca, a comercialização também do cigarro eletrônico. O crime organizado não obedece a leis e regulamentos. Milícias e organizações criminosas operam livremente nesse comércio ilegal e encontram também no cigarro eletrônico um meio fácil de obter recursos, lucro. É o monopólio do crime que se posiciona no mercado brasileiro”, afirmou.

FACILIDADES

Mesmo para o pequeno contrabandista ou usuário é fácil encontrar e comprar cigarros eletrônicos em Ciudad del Este, primeiro município paraguaio após a ponte da Amizade, que a separa de Foz do Iguaçu (PR).

A Folha encontrou cigarros do tipo expostos nas vitrines de grandes lojas instaladas em shoppings da cidade, ao preço inicial de US$ 5 (R$ 28), valor que cai conforme a quantidade desejada pelo cliente. No Brasil, o custo unitário no mercado clandestino fica entre R$ 100 e R$ 150, avaliam agentes da Receita Federal.

A pena prevista para o crime de contrabando é de dois a cinco anos. Quem revende ou mantém em depósito esse tipo de produto também está sujeito às mesmas penas, segundo a PRF.

O superintendente da polícia afirmou que o trabalho de combate ao contrabando e outros crimes transfronteiriços vem sendo aperfeiçoado nas últimas décadas por meio de investimentos crescentes em inteligência e tecnologia. “Nossas equipes também estão atuando de forma cada vez mais integrada com outros órgãos de fiscalização e de segurança pública”, afirmou.

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