Agricultores de Dores do Rio Preto aguardam primeira colheita de café conilon com expectativa de inovação no cultivo

Os experimentos começaram em 2021 a mais de 2 mil metros de altitude. Foto: Arquivo/GovES

A crescente preocupação com o aumento da temperatura global tem levado produtores rurais a reavaliar o cultivo de diversas culturas, e o café conilon tem se destacado como uma opção promissora, especialmente nas regiões mais altas do Espírito Santo. Dores do Rio Preto, município tradicionalmente reconhecido pela produção de café arábica em altitudes que podem chegar a 2.000 metros, entrou para o radar dos cafeicultores com a implantação do primeiro plantio experimental de café conilon em 2021.

Com a supervisão e assistência técnica do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), os agricultores da região começaram a explorar o potencial do café conilon em altitudes mais elevadas. O extensionista Antoniel Rodrigues tem acompanhado o trabalho de perto, desde a implantação das primeiras 1.125 mudas de café conilon em uma propriedade local. “A adaptabilidade do conilon em altitudes elevadas e com um potencial de produtividade significativo já está chamando a atenção de cafeicultores. Muitos têm demonstrado interesse em adotar o cultivo em pequenas áreas de suas propriedades”, explica Rodrigues.

O agricultor Genecir da Silva Vimercati, que participou do projeto piloto, é um dos pioneiros no cultivo de café conilon na região. Em sua propriedade, localizada a 780 metros de altitude, foram utilizados clones como A1, Bala, Robusta Sul, LBI, P1, P2 e RBS. Agora, os produtores aguardam com ansiedade os resultados dessa primeira colheita, prevista para 2025. A expectativa é que a produtividade chegue a 62 sacas por hectare, um número promissor que pode transformar a realidade da cafeicultura local.

“O cultivo de café conilon parecia algo impensável para nossa região. No entanto, com o aumento da temperatura, essa possibilidade se tornou real. O uso de novas tecnologias é cada vez mais necessário, e o trabalho do Incaper tem sido fundamental. A experiência do Genecir pode ser um exemplo para muitos outros produtores de Dores do Rio Preto e municípios vizinhos”, afirma Priscilla de Oliveira Nascimento, extensionista do Incaper em Dores do Rio Preto.

A história de Vimercati é um exemplo de como o interesse e a busca por informações podem levar à inovação. Ele soube do cultivo do café conilon após assistir a vídeos na internet e, motivado pela possibilidade de diversificar sua produção, procurou o escritório do Incaper para obter mais informações e acessar as mudas necessárias. O resultado? Um plantio de café conilon em 0,8 hectare de sua propriedade.

Com o sucesso do primeiro experimento, o agricultor expandiu sua área de cultivo e adquiriu 1.000 novas mudas em março de 2024, cultivando clones como A1, R8, R22 e CMI. Agora, ele aguarda o retorno das primeiras safras com grandes expectativas.

O impacto de iniciativas como esta não se limita a Dores do Rio Preto. Outros produtores do município estão começando a plantar café conilon em suas propriedades, na esperança de aproveitar as mudanças climáticas a seu favor. A diversificação do cultivo e o aumento da produtividade são pontos-chave para garantir a sustentabilidade da cafeicultura capixaba diante dos desafios impostos pelo clima.

À medida que o cultivo de café conilon ganha força na região, o Incaper segue como peça fundamental para o desenvolvimento das técnicas e a troca de conhecimento entre os agricultores. O futuro da cafeicultura de Dores do Rio Preto, com a introdução do conilon, está se desenhando com a promessa de um novo capítulo para a agricultura no Espírito Santo.

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