83% dos prefeitos negros são de centro ou direita

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A maior parte dos políticos negros que foram eleitos no domingo (6) para comandar prefeituras pelo país são de centro ou direita, mostra um levantamento feito pela Folha de S.Paulo. Ao todo, 49% são centristas, 34% são direitistas, e 17% são esquerdistas.

O grupo de negros é formado por aqueles que se declararam pretos e pardos à Justiça Eleitoral. Mesmo quando se olha essas duas faixas com recorte específico, os números são iguais aos do recorte mais geral.

No caso dos brancos, 52,6% são do centro, enquanto 35,7% estão na direita e 12% se situam na esquerda.

Já os únicos nove indígenas eleitos para prefeituras se dividem igualmente pelo espectro político, com três políticos (33%) em cada um deles.

Os prefeitos foram classificados pelo GPS Partidário, métrica desenvolvida pelo jornal para posicionar partidos, políticos e frentes parlamentares no espectro ideológico.

Do total de eleitos para comandar municípios pelo país, os negros são 33,6%. Ao todo, são 1.841 chefes do Executivo negros, sendo 127 pretos e 1.714 pardos.

Mais de 480 cidades vão ser comandas por negros pela primeira vez desde 2016, quando a declaração de raça passou a ser coletada pelo TSE.

A proporção de prefeitos negros eleitos teve um aumento de dois pontos percentuais em relação à eleição anterior. Em 2020, dos eleitos no primeiro turno, 32% eram negros; em 2016, representavam 29%.

Mas os prefeitos brancos ainda são a maioria, com 65,7% dos eleitos. Amarelos e indígenas respondem por 0,2%, cada um, das vagas no principal cargo dos Executivos municipais.

Os resultados municipais dessa primeira etapa de votação não se aproximam da realidade racial brasileira. A população do Brasil é composta por 55,5% de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas e 43,4%, brancas, de acordo com dados do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Indígenas e amarelos representam, respectivamente, 0,6% e 0,4%.

O número de prefeitos negros, entretanto, pode aumentar no segundo turno, marcado para 27 de outubro, e alcançar o patamar de 1.845 nomes. Isso porque, segundo análise da Folha de S.Paulo, quatro cidades cidades terão a disputa entre negros competindo por uma vaga nos Executivos municipais.

É o caso de Olinda (PE), em que a segunda rodada de votação terá a disputa entre Vinicius Castello (PT), que se declara preto, e Mirella (PSD), que se declara parda. No primeiro turno, Castello saiu em vantagem com 38,7% dos votos, enquanto Mirella teve 30%.

Outro cenário que pode aumentar a quantidade de prefeitos negros acontece em outros 17 municípios, que terão o segundo turno entre brancos e negros.

As cidades Rio Branco, Boa Vista e Maceió são as únicas capitais com prefeitos negros até o momento. O quadro pode mudar no segundo turno, quando haverá disputa em oito capitais entre candidatos brancos e negros.

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